Para dar mais velocidade à linha produtiva, multinacionais de
diferentes ramos obrigam seus funcionários a usar fralda geriátrica,
proibindo-os de ir ao banheiro. Em pleno século XXI, casos como esses
seguem se repetindo
Parece história da época da
Revolução Industrial na Inglaterra, mas não é. Para dar mais velocidade à linha
produtiva, multinacionais de diferentes ramos obrigam seus funcionários a usar
fralda geriátrica, proibindo-os de ir ao banheiro. Em pleno século XXI, casos
como esses seguem se repetindo.
A montadora japonesa Nissan
vem sendo acusada pela United Auto Works Union (UAW), sindicato dos
trabalhadores da cadeia automotiva e maior entidade sindical dos EUA, de
obrigar funcionárias da fábrica situada no município de Canton, Mississipi, a
usar fralda geriátrica.
Colaboradoras da fábrica
relatam que foram orientadas pela chefia a usar fraldas, embora tenha havido
resistência por parte delas. O motivo: acabar com pausas e interrupções com
idas ao banheiro.
Em fevereiro desse ano,
houve protestos no centro do Rio em frente à sede do Comitê Organizador dos
Jogos Olímpicos e Paraolímpicos – Rio 2016 contra as condições de trabalho
impostas pela Nissan nos EUA. A marca patrocina o evento esportivo.
Setor
aviário
Quatro empresas gigantes do
setor avícola também são alvo de denúncias por abuso ao trabalhador. São elas a
multinacional Tyson Foods, a Pilgrim’s Pride, pertencente à brasileira JBS, a
Perdue Farms e a Sanderson Farms. Juntas, elas controlam 60% do mercado de aves
nos Estados Unidos.
Segundo a Organização Oxfam
América, que denunciou o caso por meio de relatório publicado em maio desse
ano, a imensa maioria dos 250 mil trabalhadores do setor nos EUA são forçados a
usar fralda no ambiente de trabalho.
Foram centenas de
entrevistas com funcionários da linha de produção das maiores empresas do
processamento de aves. Trabalhadores que pedem para ir ao banheiro são
ameaçados de demissão. Muitos, por evitar beber líquidos durante muito tempo,
suportam dores consideráveis para manter seus empregos.
A Oxfam alega inadequação
nas pausas no trabalho, o que viola as leis norte-americanas de segurança no
trabalho. A organização, em seu relatório, ainda traz dados de 2013 da
associação Southern Poverty Law Center do estado do Alabama sobre condições de
trabalho.
Por lá, dos 266
trabalhadores que participaram da pesquisa, quase 80% não pode ir ao banheiro.
Já no Minnesota, em material realizado pela Greater Minnesota Worker Center
lançado em abril, ao norte dos EUA, 86% dos trabalhadores pesquisados afirma ter
menos de duas paradas para ir ao banheiro por semana.
Walmart
A rede internacional de
supermercados Wal Mart é outra a adotar a prática abusiva do uso de fraldas em
empregados. Dessa vez foi na Tailândia, sudeste asiático.
O caso foi divulgado por pesquisadores
no livro Riqueza e Miséria do Trabalho no Brasil, organizado pelo professor
titular de Sociologia no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Ricardo Antunes.
Empresa
sul-coreana
Em 2013, a multinacional
sul-coreana Lear, fabricante de arnese (tipo de gancho usado para alpinismo),
foi denunciada por impor a funcionários, principalmente mulheres, o uso de
fraldas para não abandonar a posição com idas ao banheiro. O caso foi
registrado em fábrica da empresa em Honduras, país da América Central, que
contava com 4 mil empregados.
A denúncia foi feita por um
dirigente sindical. Daniel Durón contou que só foi possível divulgar o caso
após pressão de autoridades internacionais. Mesmo tendo repercussão no mundo
todo, a Lear tentou resistir e impedir o acesso dos órgãos hondurenhos de
fiscalização do trabalho.
FONTE: Portal Forum
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