Para
Roberto Amaral, Guilherme Boulos e Raimundo Bonfim, das frentes Brasil Popular
e Povo sem Medo, ataques a direitos desencadearam insatisfação social e atos
diários por todo o país
Movimentos
populares e as frentes Brasil Popular e Povo sem Medo organizam uma série de
manifestações, atos e intervenções para ocorrer antes de 10 de junho. Nessa
data, programam um ato unificado nacional, liderado pelas duas frentes, contra
o golpe que afastou a presidenta Dilma Rousseff.
Coordenador
da Frente Brasil Popular, o ex-integrante do PSB Roberto Amaral diz que o
movimento de “todas as frentes” pretende estabelecer um cronograma de inúmeras
ações, com destaque para o dia 10, e deve chegar ao auge em agosto, quando deve
acontecer o julgamento final de Dilma no Senado.
Segundo
ele, os áudios vazados de conversas dos senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Renan
Calheiros (PMDB-AL) e do ex-presidente José Sarney, além das ações do próprio
governo interino de Michel Temer, estão alimentando o crescimento das
mobilizações. A opinião é partilhada pelo coordenador do Movimento dos
Trabalhadores Sem Teto (MTST) e da Frente Povo sem Medo, Guilherme Boulos, e
pelo coordenador estadual em São Paulo da Central dos Movimentos Populares
(CMP) e um dos coordenadores da FBP, Raimundo Bonfim.
“O
terreno é mais fértil do que nós da Frente Brasil Popular supúnhamos. O governo
interino, com sua inabilidade, está ajudando muito. Hoje temos consciência de
que muitos dos que saíram às ruas pedindo o golpe, hoje não sairiam. E muitos
dos que não saíram em defesa do mandato da Dilma, hoje estão saindo pedindo a
saída de Temer”, diz Roberto Amaral.
Boulos
vê perspectivas de manifestações cada vez maiores. “Há uma insatisfação
crescente, até porque, mesmo pessoas que já foram à rua contra Dilma não foram
pedindo o Temer. E com o ataque brutal que esse governo interino e ilegítimo
começa a praticar contra os direitos sociais, isso seguramente vai aumentar as
mobilizações”, prevê.
Para
o dirigente do MTST, a principal discussão não é se o Senado vai ou não
reverter o impeachment. “Não acreditamos, francamente, no carpete do Senado
como palco para a solução. Achamos que a chance de reverter o golpe em curso é
mobilização de rua”, defende. "No grande ato unificado no dia 10 de junho
da Frente Brasil Popular e Frente Povo sem Medo, a gente espera que as várias
lutas possam confluir, colocando centenas de milhares de pessoas nas
ruas."
Para
Roberto Amaral, a divulgação dos áudios está claramente conscientizando a
sociedade. “Nós sempre dissemos que a cassação de Dilma era uma farsa. Ela não
estava sendo julgada pelo seu governo nem pelas pedaladas que ela nunca
cometeu. Tratava-se pura e simplesmente de afastá-la e ficou claro, nas
conversas do Sarney, do Jucá e do Renan, como isso foi articulado. Essas declarações,
soltadas a conta gotas, são apenas a ponta de um iceberg. A opinião pública vai
aos poucos tomando consciência da farsa”, afirma.
Raimundo
Bonfim cita a eliminação de programas como Minha Casa, Minha Vida, a ameaça ao
SUS, a desvinculação de recursos em saúde e educação como graves ameaças. “A
massa de trabalhadores está muito preocupada; a sociedade saiu às ruas com um
discurso de combate à corrupção e agora vê que o governo é uma quadrilha.” Ele
lembra ainda que o movimento sindical discute a possibilidade de parar algumas
categorias.
A
Federação Única dos Petroleiros informou em nota que, “diante dos ataques
contra a Petrobras, o pré-sal e os direitos e conquistas da classe
trabalhadora, que estão sendo desmontados pelos golpistas, a FUP e seus sindicatos
indicam paralisação de 24 horas no dia 10 de junho”.
Movimentos
espontâneos
“Estão
crescendo também as manifestações espontâneas em atos, shows e todas as
atividades, tudo num crescendo, com vistas ao próximo dia 10”, observa Bonfim.
Ele, Amaral e Boulos destacam ainda a espontaneidade de ações, protestos e atos
políticos como um aspecto que mostra a tendência de crescimento das
mobilizações.
Para
Amaral, a mídia está escondendo a importância das manifestações contra o
governo Temer e o impeachment, e também oculta o caráter espontâneo de algumas
delas, como as que foram vistas na Parada LGBT, ontem (29), em São Paulo. “A
grande mídia praticamente não registrou o significado das manifestações em São
Paulo no domingo. A Folha colocou a informação numa página do segundo caderno
(Cotidiano).” Cerca de 3 milhões de pessoas passaram pelo evento, segundo os
organizadores, e muitos deles protestaram.
Para
Boulos, essa espontaneidade, além dos atos agendados, tende a crescer. “As
pessoas estão percebendo que seus direitos básicos estão sendo atacados. Quando
entra um governo sem voto nenhum a aplicando um programa que não foi eleito por
ninguém, isso certamente vai levar as pessoas a reagir. As mulheres, o povo da
cultura, os sem-teto, em relação aos cortes do Minha Casa Minha Vida, entre
outros, têm feito muitas mobilizações.”
Ações
ainda não confirmadas ou deliberadamente não divulgadas devem proporcionar um
aumento de mobilizações. “Uma parte do calendário de mobilizações é público e
está sendo divulgada. Outra parte não, porque são ações de outra natureza, de
impacto. Mas nas próximas semanas haverá ações importantes. Eu diria nos
próximos dias já”, garante Boulos.
Entre
elas, protestos dos sem-teto contra a suspensão do Minha Casa Minha Vida. “Vão
pipocar várias ações pelo país, já agendadas. Mas não vai haver divulgação
prévia. Haverá ações como essas e outras iniciativas”, promete.
FONTE: Rede Brasil Atual
Nenhum comentário:
Postar um comentário