Em pleno século 21, Goiás mantém no cárcere, três militantes
do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), com a alegação
“estapafúrdia de pertencerem a uma ‘organização criminosa’”, diz Ailma Maria de
Oliveira, presidenta da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil em
Goiás (CTB-GO). "Como se e lutar por um país mais justo, fosse crime".
“A atitude dos três juízes, de cidades do interior de Goiás,
é um profundo desrespeito ao Estado Democrático de Direito, ao direito de livre
organização e aos direitos humanos”.
A CTB presta solidariedade aos cinco ativistas da questão
agrária e exige a imediata libertação dos companheiros de luta por um Brasil
mais justo e igual.
Lázaro, um grande defensor da qusstão agrária em Goiás.
Entenda o caso
Os pequenos agricultores Luiz Batista Borges, Diessyka
Santana e Natalino de Jesus, o geógrafo e professor José Valdir Misnerovicz e
Lázaro Pereira da Luz "foram presos pelo único 'crime' de defender a
reforma agrária e lutar pelos direitos dos mais pobres, em defesa de uma vida
melhor para todos e todas", afirma Ailma. Inclusive Lázaro é militante da
CTB-GO. Três deles permanecem presos: Valdir, Lázaro e Luiz.
Abaixo leia a carta de
Valdir escrita na prisão:
“Não tem preço a liberdade, não tem dono. Só quem é livre sente prazer em cantar” Antônio Gringo
Camaradas militantes do MST, espero que esta mensagem
encontre todas e todos animados/as e em luta!
Escrevo para transmitir um abraço amigo, fraterno e
revolucionário. Para dizer que estou bem de saúde. Tenho aproveitado para
estudar, ler e refletir. Tenho acordado cedo e dormido tarde. Aqui o tempo é
bem mais lento. Os livros tem sido minha melhor companhia, especialmente o
livro Olga que li todo em dois dias. Foi importante lê-lo para refletir este
momento. Ao lê-lo percebi que os camaradas que os antecederam sonharam e
lutaram pela emancipação humana, foram perseguidos, presos, torturados e
mortos. Foram coerentes até o último respiro de suas vidas. Ficaram os seus
legados, suas memórias.
Tenho aproveitado para refletir sobre a nossa causa, as
nossas lutas e nosso movimento a cada dia. Reafirmo a convicção da justeza da
nossa causa, da necessidade de fortalecer o nosso Movimento, de estimular a
criatividade nas formas de lutas e de organização. Estou animado e confiante na
nossa vitória!
A cada notícia que recebo sobre as lutas, o trabalho de base
das próximas lutas, vibro de alegria e esperança. Confio em cada um de vocês.
Na ousadia, na criatividade e no espírito de sacrifício que cada um está
fazendo pela nossa causa. A minha vontade é estar aí com vocês (lágrimas)! Sei
que cada um de vocês se sente em parte presos, injustiçados.
Quando cheguei no complexo prisional os agentes já me
aguardavam e quando me aproximei disseram “você é o preso do MST”, ou seja, não
me chamaram pelo nome, não sou eu, nem o companheiro Luiz, mas a nossa
organização!
Vou terminando com alguns pedidos:
- Não desanimem! As nossas liberdades dependem de vocês
continuarem a luta.
- Fortaleçam o trabalho de base, pois a nossa força depende
do número de pessoas organizadas.
- Lutem! A nossa melhor resposta para a burguesia, para o
estado burguês e para o latifúndio é fazer lutas massivas. Não é momento de
recuar. É momento de mostrar a nossa força, ousadia e criatividade.
- Não se percam e nem percam temo com coisas pequenas
(picunhagens). A nossa missão é ajudar a mudar o mundo numa perspectiva
socialista.
- Estudem! Encontrem um tempo para leitura a cada dia, pois
somente com conhecimento podemos fazer melhor a nossa luta.
Por onde passarem digam para a nossa base que não desistam
dos acampamentos, não desistam da luta, não percam a esperança na nossa organização
e nas mobilizações que conduzem às conquistas.
Por fim quero reafirmar a minha confiança em vocês. Reafirmo
as minhas convicções na causa. Tenham certeza que quando o meu corpo estiver
livra, estarei mais preparado e com maior disposição de lutar!
Forte e fraterno abraço!
Valdir
Complexo Prisional Aparecida de Goiânia, 12 de junho de 2016.
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