domingo, 19 de julho de 2015

Desigualdade nas capitais diminui, mas ainda é grande entre bairros, diz Unicef

 Desigualdade

Um relatório lançado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) ontem (14) aponta que a desigualdade social entre regiões de uma mesma cidade diminuiu em pelo menos oito capitais brasileiras nos últimos cinco anos, porém a diferença entre os bairros ainda continua grande. Para os especialistas do órgão, o caminho mais eficiente para reverter o quadro é investir em educação.

Em uma sala de aula com 30 alunos na periferia, por exemplo, há em média 11 com dois anos ou mais de defasagem escolar. Já em um bairro de classe média ou alta, esse número cai para apenas dois alunos, segundo um relatório do Unicef, que analisou as oitos capitais atendidas pelo projeto Plataformas dos Centros Urbanos, entre elas São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. “É difícil entrar em uma sala de aula de uma escola pública de um bairro rico e ver que há só quatro alunos negros e que você é a única menina”, diz a estudante Michelle Mello, de 16 anos.

O mesmo ocorre nos índices de homicídios: nas regiões centrais, a probabilidade de jovens de até 19 anos serem vítimas de assassinatos é praticamente nula. Já em bairros mais pobres, a chance salta para 136 por 100 mil habitantes. “Os adolescentes assassinados que morrem por homicídios aqui no Brasil têm raça, cor e endereço: são homens, negros, de 16 a 18 anos, que vivem nas periferias das grandes cidades. Eu acho que isso não é uma pura coincidência”, afirmou o representante do Unicef no Brasil, Gary Stahl. “Se o Brasil oferecer a mesma oportunidade para todas as crianças vai reduzir as desigualdades.”

Nina Simone e a música como expressão dos direitos civis

 

O movimento dos direitos civis é um dos momentos mais importantes da história dos Estados Unidos, concentrado principalmente em estados do sul do país, os fatos ocorreram entre 1954 e 1968 e foram uma forma de resistência da comunidade negra que exigia o fim da segregação racial imposta por supremacistas brancos. O objetivo era questionar e boicotar decisões claramente racistas, como as proibições sociais cotidianas impostas aos negros e os direitos cedidos apenas às pessoas brancas o que, na visão dos estrategistas do movimento, provocaria uma crise e consequentemente um diálogo com as autoridades. 

De ambos os sexos, ativistas famosos e anônimos faziam uso de variados instrumentos culturais para reunir as pessoas e discutir a importância do orgulho negro. O discurso estava presente no teatro com o espetáculo “To Be Young Gifted and Black” – peça de Lorraine Hansberry que falava de racismo, igualdade social e de gênero; em reuniões nas igrejas gospel da comunidade; na literatura e retórica dos envolventes discursos de Martin Luther King, Malcolm X e Rosa Parks e na música, principalmente na obra de Nina Simone.
Nascida em 1933, na Carolina do Norte, estado do sudoeste do país e fronteira com alguns dos pontos nevrálgicos dos conflitos raciais, Eunice Waymon, nome de nascimento da artista, sofreu desde pequena os males do racismo. Contudo, desde os primeiros contatos com as teclas de um piano, colocou na cabeça que seria a primeira pianista clássica negra dos Estados Unidos e foi em busca do sonho. O tempo passou e já atendendo pelo nome de Nina Simone, a jovem conquistou o público com um estilo que unia jazz, blues, música clássica e gospel. Em função de canções como ‘I Loves You Porgy’, Nina, mulher e negra, era disputada por importantes casas de show conhecidas pela predominância branca, como o Town Hall em Nova Iorque.
 
O sucesso da cantora crescia em compasso com os conflitos raciais. Muitos foram os estopins para a fúria dos negros, sendo o massacre de 1963 um dos mais marcantes, quando quatro crianças negras foram mortas em um atentado racista em uma igreja batista na cidade de Birmingham, no Alabama, logo após o assassinato do ativista Medgar Ever no Mississippi. Os fatos despertaram um sentimento novo em Simone, que percebeu o significado de ser negra nos Estados Unidos. Um momento crucial para a carreia da cantora, que resolveu transformar sua arte em política, se tornando um símbolo de expressão dos direitos civis e da luta do movimento negro.

O primeiro e duro recado da artista para as injustiças do país veio com ‘Mississippi Goddam’ (Mississippi puta que o pariu na tradução livre), que expressa toda sua raiva e indignação acerca da situação dos homens e mulheres negros dos EUA. A faixa era um hino político e suas letras cheias de raiva e desespero contrastavam com o conhecido repertório da artista e deixavam claro o objetivo de Simone de usar sua música como mais um instrumento em favor dos direitos civis.

Determinada, Simone seguiu mergulhada em um momento considerado decisivo para a comunidade negra e continuou dedicando toda a sua produção musical para o assunto. Em 1968, o movimento dos direitos civis sofreu outro duro golpe, a morte de um de seus principais líderes, Martin Luther King, morto aos tiros em 4 de abril de 1968. O fato mexeu muito com Sinome que mais uma vez recorreu ao talento musical para expressar seus sentimentos e escreveu a canção ‘Why? The King of Love is Dead’ (Por que? O Rei do amor está morto na tradução livre), cantada por ela três dias depois em uma performance emocionante no enterro de Doctor King.

No ano seguinte Simone, grande amiga da escritora Lorraine Hansberry, gravou um dos hinos dos direitos civis, ‘To Young Gifted and Black’, homenagem ao trabalho da amiga, conhecida por usar a arte como ativismo em prol dos negros e também por despertar a consciência política de Nina. No entanto, a guinada política de Nina não trouxe apenas benefícios para a cantora, que passou a ser negligenciada e evitada pelas casas de músicas, gravadoras e parte do público, que evitavam se envolver diretamente com a causa. Esgotada com a violência dos conflitos e com a rejeição imposta por uma cultura ainda racista, Nina Simone resolveu se afastar dos holofotes e deixou os Estados Unidos em 1970. Morou em Barbados, e em seguida passou um longo período na Libéria, depois Suíça, Holanda e França, onde acabou fixando residência.

O movimento dos direitos civis deixou feridas profundas na sociedade norte-americana ao mesmo tempo que inspirou e inspira jovens dispostos até hoje a mudar a realidade de homens e mulheres negros. Tal como antes, as artes e especialmente a música vem exercendo papel fundamental nas mudanças. Nomes como Erykah Badu, Lauryn Hill e muitos outros beberam na fonte e seguiram os corajosos passos de Nina Simone em busca de uma sociedade que precisa aprender de uma vez por todas a conviver com as diferenças. Nina Simone faleceu em 2003 deixando um legado ímpar para o mundo da arte e emblemático para a luta pelos direitos civis e igualdade racial.
 

ONU lança campanha mundial contra a homofobia

Um grupo de especialistas em direitos humanos das Nações Unidas e outros/as especialistas internacionais fazem um chamado para acabar com a discriminação e a violência contra as crianças e jovens lésbicas, gays, bissexuais, trans e intersex. Em todo o mundo, crianças e jovens lésbicas, gays, bissexuais, trans (LGBT) e intersex, ou aqueles/as que são considerados/as como tal, enfrentam estigma, discriminação e violência por causa de sua orientação sexual e identidade de gênero, real ou percebida, ou porque seu corpo difere das definições tradicionais de mulher ou homem.

Violência e discriminação contra crianças e jovens LGBT e intersex ocorre nos lares, escolas e instituições. Jovens LGBT também enfrentam muitas vezes rejeição por suas famílias e comunidades que reprovam sua orientação sexual ou identidade de gênero. Isso pode resultar em altos níveis de exclusão social, pobreza e em jovens sem moradia. Meninos e meninas LGBT sofrem assédio moral nas mãos de seus colegas, e os professores ou professoras, o que leva à evasão escolar. Inclusive se nega a alguns o ingresso na escola a entrada ou são expulsos e expulsas de suas escolas devido à sua orientação sexual ou identidade de gênero, real ou percebida.

Diante disso, a Organização das Nações Unidas lançou recentemente um vídeo onde apresenta pessoas filmadas em seus locais de trabalho e residências, entre as quais uma bombeira, um policial, uma cineasta, uma designer, uma assistente social, uma professora, um eletricista, um médico e dois pais homoafetivos. O secretário-geral da ONU [Organização das Nações Unidas], Ban Ki-moon, também faz uma aparição na cena final do vídeo, ajudando a destacar o pedido da ONU de mais esforços conjuntos por uma maior aceitação e igualdade para as pessoas LGBT.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Câmara de Caicó assina contrato de quase R$ 400 mil para divulgações e comunicações


A Câmara Municipal de Caicó assinou contrato no valor de quase R$ 400 mil para divulgações e comunicação. A negociação tem validade de um ano e foi assinada pelo presidente da Casa, Nildson Dantas.

Veja os VALORES MENSAIS desse contrato:

  • divulgação de notícias em jornais R$ 990;
  • divulgação de notícia em blogs R$ 4.900;
  • divulgação de notícia em revista e rádio R$ 7.900;
  • divulgação em carro de som R$ 4.900;
  • divulgação de notícia e informação em impresso e material gráfico R$ 7.900;
  • fornecimento de sistema e iluminação R$ 3.950;
  • divulgação em mídias sociais R$1.950


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Fonte: Política em Foco 

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Joaquim Nabuco e os linchamentos no Brasil

                                                                  'Nabuco não foi ouvido e não falta muito para termos no mercado Cigarros Bolsonaro'.

  

Por Márcio Sotelo Felippe*


 
 
 
A corajosa defesa de Nabuco foi construída a partir do seguinte raciocínio: o negro defendera-se de dois crimes anteriores, crimes da ordem jurídica e social do Império: um, a própria escravidão; outro, a pena de morte iminente.

Nesta última semana, em São Luís, um jovem negro, favelado, morreu linchado amarrado a um poste por ter, segundo a notícia, assaltado um bar.

O jornal Extra publicou a notícia com duas ilustrações, incrivelmente idênticas. Uma mostrava um escravo acorrentado a um tronco, submetido a açoites. Outra, o negro de São Luís, morto, cabeça pendendo amarrado a um poste de luz. É como se a foto fosse uma reprodução deliberada da primeira, uma cópia feita por um cineasta ou um fotógrafo. Nas duas cenas, pessoas olham inertes, passivas, curiosas. Profético Nabuco.

Se o jovem negro saísse vivo, sua defesa deveria ser feita com a coragem de Nabuco: ele cometeu um crime que tem a ver com crimes anteriores, os crimes da ordem social e jurídica que degradaram toda sua existência. Porque óbvio que jovens brancos de classe média não roubam botecos. Cometem outros delitos, e quando o fazem não são amarrados a um poste e linchados.

Anos mais tarde, Nabuco, já herói do abolicionismo, era célebre a ponto de ter sua figura estampada em rótulo de cigarro (Cigarros Nabuco). Um dos intelectuais mais extraordinários da história do Brasil, escreveu a frase que explica o linchamento do jovem negro favelado de São Luís e que explica muito do Brasil dos séculos seguintes. Em citação livre: a escravidão havia de tal forma pervertido e contaminado a sociedade brasileira que a moldaria ainda por muito tempo. E que não bastaria libertar escravos, mas reeducar a sociedade.

Nabuco não foi ouvido e não falta muito para termos no mercado Cigarros Bolsonaro.

A abolição foi um ato apenas jurídico e formal. O Brasil então seguiu impávido colosso ignorando o povo negro, como se nada devêssemos a eles, como se não tivéssemos um débito social derivado de um tenebroso passado de séculos de miséria e degradação escravizando seres humanos. O Brasil segue impávido colosso ignorando as gerações seguintes do povo negro, e assim o jovem negro de São Luís era livre segundo a lei. A lei que em sua majestática grandeza dá a todos o direito de jantar no Ritz e dormir embaixo da ponte, como disse Anatole France.

Anatole France disse literariamente o que críticos do Capitalismo desde sempre apontaram: a condição de sujeito de direito do trabalhador que produz a riqueza da sociedade por força de um contrato “livremente” assinado não o liberta. O constrangimento econômico difuso o faz escravo de outra forma. Então, ele é perfeitamente livre para dormir embaixo da ponte ou ir a Paris jantar no Ritz.

A opressão do povo negro é múltipla. Há o débito social histórico, essa miséria transmitida de geração a geração sem que a sociedade brasileira lembre-se de resgatá-lo. Há o preconceito. Há a exploração da estrutura capitalista, que aí é, portanto, uma sobre opressão.

Em artigo publicado nesta coluna Contracorrentes, Marcelo Semer, apoiado em levantamento da Secretaria Nacional da Juventude (trabalho coordenado por Jaqueline Sinhoreto), traz, nessa ordem de considerações, um dado irrespondível: “mais de 60% dos presos são negros (prende-se 1,5 vez o número de brancos) e uma parcela próxima a essa é composta por jovens. Quanto mais se prende, mais jovens e mais negros lotam as cadeias”.

“Puta africana”, “macaca”, “vagabunda” foram algumas das frases dirigidas a Maju, a apresentadora negra do Jornal Nacional, no Facebook. A página do Extra que estampava as duas ilustrações teve, entre 1817 comentadores, 71% favoráveis ao linchamento.

Billie Holiday cantava uma canção chamada Strange Fruit. Falava dos negros enforcados em árvores nos sul dos EUA: “árvores do sul produzem uma fruta estranha/sangue nas folhas e sangue na raiz/corpos negros balançando/fruta estranha pendurada nos álamos/pastoril cena do valente sul/os olhos inchados e a boca torcida/perfume de magnólias, doce e fresca/Depois o repentino cheiro de carne queimada/Aqui está a fruta para os corvos arrancarem/Para a chuva recolher, para o vento sugar/Para o sol apodrecer, para as árvores deixarem cair/Aqui está a estranha e amarga colheita”.

Aqui não são árvores, são postes de luz. Há neles uma estranha lâmpada.
 

O que é golpe de Estado?

 

Durante a evolução da história humana, as civilizações caracterizam-se por sempre estarem envolvidas num processo dialético, de transformações constantes. Não foram raras as mudanças estruturais e conjunturais nas sociedades de cada época, que por vezes quebravam uma linha evolutiva, em outras ocasiões apenas havia uma troca de comando no governo, ou mesmo 

uma evolução natural devida, principalmente, às circunstâncias e necessidades peculiares a cada momento histórico. 

 

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Por Pedro Maciel Neto


Temos lido diariamente que há em curso um “golpe”, esse golpe teria por objetivo apear do poder a Presidente Dilma Rousseff, banir o Partido dos Trabalhadores e instalar uma nova ordem. Há, por outro lado quem veja pertinência nisso tido e até quem defenda abertamente uma intervenção militar ou o impeachment da presidente eleita.

Bem, vou me ater ao conceito de “golpe de estado”.

O golpe de Estado é a usurpação do poder de forma ilegítima e ao contrário das revoluções, sobre o que podemos escrever noutro momento, tem um caráter pessoal, egoístico.

Ele busca a tomada do poder para atender o interesse de uma pessoa ou de um pequeno grupo que representa interesses que são contrários ou não são contemplados pelo Establishment Politico.

Ele ocorre quando os derrotados, descontentes e golpistas, incapazes de alcançar o poder pelo voto popular, buscam através de manobras políticas ou pela força, assumir a posição de Chefe de Governo e o fazem de uma forma ardilosa: buscam legalizar e legitimar a ruptura institucional instrumentalizando o Poder Legislativo e do Judiciário.

E, a meu juízo, infelizmente está em curso no país um golpe de Estado e o fato torna-se induvidoso, especialmente depois da reunião recente que ocorreu entre o Presidente da Câmara dos Deputados, do Ministro do STF Gilmar Mendes e do Deputado Paulinho da Força, cuja pauta foi o impeachment da presidente da república, a votação de suas contas eleitorais no Tribunal Superior Eleitoral e as de seu governo no Tribunal de Contas da União.

Esse fato é uma esculhambação aos valores republicanos. Por favor, não me censurem pelo uso do substantivo feminino “esculhambação”, pois ele representa precisamente a natureza dessa reunião (“circunstância ou condição em que há confusão; bagunça ou avacalhação:…”).

E essa esculhambação aos valores republicanos ocorreu no padrão contemporâneo de fazer politica (assim mesmo, com “pê” minúsculo): usando a mídia para dar contornos de fato positivo ou negativo conforme a conveniência. Tanto que a chamada do jornal Folha de S.Paulo é reveladora “Cunha discute impeachment com ministro do Supremo.”.

O verniz civilizado e civilizatório rompe-se com facilidade em nossa sociedade quando interesses são contrariados, basta observarmos o que está acontecendo hoje no país, onde o moralismo publicado interesses impublicáveis.

1964, por exemplo, foi um golpe de Estado, pois um grupo que havia perdido as eleições presidenciais para Getúlio Vargas, para Juscelino Kubitschek e para Jânio Quadros que, ao lado dos maus militares, tomou para si o poder e tentaram rebatizar o evento nefasto de “revolução” e dar a ele contornos de legalidade e legitimidade controlando o congresso e o Judiciário.

O golpe de Estado é comum em locais cujas instituições são políticas fracas, onde não existe a certeza do cumprimento de todas as normas constitucionais no que diz respeito à sucessão dos cargos políticos ou à garantia dos direito individuais, o golpe de Estado foi muito comum na América Latina, África e Oriente Médio no decorrer do século 20. Seus principais agentes aparecem quase sempre como os novos salvadores da pátria, haja vista sempre acontecer algum distúrbio ou crise quando de um golpe de Estado.

Fato é que vivemos tempos sombrios, um tempo em que os golpistas lançam mão, mais uma vez como fizeram em 1954 e em 1964, da bandeira do combate a corrupção, mas, paradoxalmente, defendem a redução da maioridade penal, o impeachment, a ruptura institucional, etc.. Vivemos um tempo em que os “bolsonaros”, e imbecis de todo gênero, ofendem a presidência da república, pedem a morte de Jô Soares, fazem ofensas racistas a uma jovem jornalista.

Tenho escrito faz algum tempo que tudo isso faz parte de um encadeamento de fatos quais, na minha maneira de ver, são os responsáveis à inflexão conservadora, sombria mesmo, que estamos testemunhando no país. Trata-se da construção do golpe.

O golpe em curso possui uma metodologia curiosa: (a) a Judicialização da Politica; (b) a Politização do Poder Judiciário; (c) a espetacularização (midiatização) do que foi jucializado e, por fim, d) a criminalização da Politica, dos políticos e dos partidos políticos, tudo para justificar o golpe.

A sociedade tem de reagir a qualquer tentativa de golpe, pois estamos no século 21, nossas instituições são fortes e uma ruptura institucional seria trágica para a nação

sábado, 11 de julho de 2015

Vereadores preparam golpe contra a educação e o futuro de Caicó




Está rolando pelos grupos de whatsapp um áudio no qual um dito representante do povo, membro da Câmara de Vereadores de Caicó, caçoa de um apresentador de um programa de rádio, de grande audiência, pelo fato de o mesmo ter dado espaço ao movimento que surgiu em defesa da integridade do Plano Municipal de Educação da nossa cidade.

No áudio, o mencionado cidadão tenta diminuir esse movimento, de ampla representação feminina. Dessa forma, uma parte dos vereadores de Caicó declara, abertamente, guerra às mulheres, aos educadores e as famílias caicoenses.

Alimentados por ideias conservadoras e extremamente defasadas, contrariando o principio da laicidade do estado brasileiro (misturando religião a ações do poder legislativo), pretende-se suprimir da politica educacional questões como igualdade de gênero, respeito a diversidade e ensino da história da África e da Cultura Afro-brasileira.

Que fique claro, não são todos os vereadores que defendem essa violência contra a educação de nossa cidade, mas, são aqueles que defendem ideologias conservadoras e extremamente atrasadas, contrariando tudo o que existe em defesa da construção de um mundo mais justo e solidário.

Para impedir uma reação popular contra esse golpe contra a educação municipal tais vereadores convocaram, mesmo de férias, uma sessão extraordinária para próxima segunda-feira (13/07/2015) com claro intuito de derrubar o veto dado pelo prefeito Roberto Germano.

Para ficar bem claro, o que parte dos vereadores pretende dizer ao povo de Caicó, de forma bem impositiva, sem nenhuma discussão com a população é:

Menino brinca com menino e menina brinca com menina.

Menino não pode brincar de boneca e menina não pode brincar de carro.

Homem não deve ajudar as mulheres nas tarefas domesticas.

Não se deve ensina história da África nas escolas.

Não se deve trabalhar o legado da cultura negra no país.

Mulher não deve trabalhar fora.

Mulher não pode jamais ganhar o mesmo que os homens.

Os homossexuais não devem ser respeitados.

Os pais não devem permitir que seus filhos tenham amizades com gays, lésbicas, travestis, transexual.

Que capoeira não deve ser valorizada.

O Candomblé é coisa de satanás.

A mulher não pode ser autônoma.

Os meninos não podem vestir rosa.

Mulheres não devem dirigir automóveis.

Mulher não pode ocupar funções de chefia.

E se as mulheres não se vestirem e se portarem como devem serão as culpadas pelos estupros que vierem a sofrer.

Isso é tudo que se defende quando se nega o respeito a igualdade de gênero, a diversidade sexual e o ensino da história da África e da cultura afro-brasileira.

É isso que nós queremos para a educação de nossas crianças e adolescentes? É esse tipo de valores que concordamos que devam ser os pilares da nossa sociedade? É um mundo fundado na violência, no fascismo e na intolerância que queremos deixar como legado para as futuras gerações da humanidade?

Se sua resposta é não, você está convidado a fazer parte de um grande movimento a favor de uma educação democrática, inclusiva e promotora de uma cultura de paz e respeito ao ser humano.

Vamos todos participar da sessão da Câmara de vereadores nessa segunda-feira pra dizer que somos contra ao fascismo e ao fundamentalismo religioso.

Queremos uma educação de qualidade, inclusiva, para todos os brasileiros, independente sua cor, sexo, etnia, religião ou distinção de qualquer natureza.



quarta-feira, 8 de julho de 2015

O que se busca quando se defende a igualdade de gênero?




Por professor Thiago Costa


Igualdade de gênero, de modo bem didático, quer dizer que:

Não podemos mais admitir o fato de as mulheres ganharem, em média, 30% a menos que os homens para realizar o mesmo trabalho.

Que as mulheres, do mesmo modo que os homens, possuem plenas condições de assumirem cargos de chefia.

As mulheres podem e devem ampliar o seu espaço na politica na mesma paridade que os homens.

Que os meninos também podem brincar de boneca junto com as meninas e que estas também podem participar do futebol com os meninos, pois, isto não irar determinar sua sexualidade.

Os meninos podem vestir rosa se acharem bonito, isso, também não determina a sua sexualidade.

Igualdade de gênero significa que os rapazes, assim como as moças, também podem e devem ajudar a mãe nas tarefas domésticas.

Alias, se o papai e a mamãe trabalham, o papai deve compartilhar com a mamãe as tarefas domesticas: um lava e outro enxuga a louça, um lava e outro passa a roupa, um varre e outro estopa a casa. Simples assim! E ninguém terá nem um membro do corpo diminuído ou perderá a virilidade por causa disso.

E quanta falta de companheirismo acontece no almoço familiar de domingo. Homens na sala assistindo televisão, meninos brincando no quintal. Mulheres e meninas nos afazeres domésticos. Que coisa feia né?! Por que não todos compartilharem os afazeres para depois se divertirem todos juntos.

Igualdade de gênero significa dizer que mulheres e homens também possuem necessidades diferentes, desejos diferentes, comportamentos diferentes. Mas que todos devem ser respeitados na igualdade e na diversidade. É a condição humana que está em questão e a ela não se deve sobrepor o machismo, o patriarcalismo, o sexismo ou preconceito de qualquer natureza.

Adesivos misóginos são a nova moda contra Dilma




Por Jarid Arraes (estudante de Psicologia)


Neste momento, circulam peles redes sociais imagens de montagens feitas com o rosto da presidenta Dilma Rousseff, em que ela aparece de pernas abertas. São colados adesivos com essa imagem na entrada no tanque de gasolina dos carros, que, quando abastecidos, passam a ideia de que a bomba de gasolina está penetrando sexualmente a figura falsa da presidenta.

 As imagens são tão desrespeitosas que até mesmo o compartilhamento delas na internet é algo constrangedor Segundo os adeptos dessa aberração machista, a intenção é “protestar” contra o aumento da gasolina. Parece que para eles a melhor analogia para um protesto é um estupro, uma violação sexual que ainda é exibida como se fosse algo engraçado. A penetração, nesse caso, é a punição contra a presidenta, que está sendo “castigada” por ter subido os custos do abastecimento.

A hipocrisia das pessoas que compactuam com esse tipo de atitude é desconcertante. Muitos desses indivíduos fazem parte de camadas conservadoras, que defendem uma suposta “preservação da família” e uma ideia de moral pautada nos anos 40.

Curiosamente, essas pessoas não refletem e não se preocupam com a mensagem que estão passando para as pessoas nas ruas, incluindo crianças, que verão a imagem da presidenta de pernas abertas e darão de cara com a bomba de gasolina “entrando” em seu corpo dessa maneira.

Essa prática, que jamais deve ser chamada de protesto, evidencia que faltam argumentos políticos e embasados em fatos, análises sérias e dados convincentes para respaldar as críticas contra o governo Dilma. Porque, sim, é possível criticar o governo atual e até mesmo manifestar revolta sem apelar para misoginia e analogias de estupro.

A presidenta Dilma não deu o seu consentimento para que isso fosse feito, com essas montagens grotescas; certamente, essa prática só serve para banalizar e naturalizar, ainda mais, a violência sexual contra as mulheres.