O mercado criado em torno de
presos e presídios movimenta muito mais grana que a imaginação popular possa
ver. Só o mercado de quentinhas servidas aos 715 mil presos no Brasil (4º maior
população carcerária do mundo) movimenta cerca de dois bilhões de reais ao ano.
Quando você vai conferir
quais empresas fornecem essas quentinhas, muitas delas são de políticos ou de
parentes deles, como é o caso dos Perrela em Minas Gerais. Além do mais, essas
empresas também são financiadoras de campanhas eleitorais.
Além do mais, 30 grandes
presídios brasileiros estão privatizados. Nesse sentido, cada preso é um
cliente. Portanto, presídios lotados são evidências de lucros, presídios vazios
são sinais de prejuízos, como em qualquer hotel.
O detalhe é que cada preso
em presídio privado é pago com o dinheiro público. A Pastoral Carcerária
estimou em R$ 3.000,00 o custo de cada preso privado para o Estado.
Poderíamos investir esse
dinheiro em escolas, mas preferimos investir em presídios.
Eduardo Cunha conseguiu
reduzir a maioridade penal. Votaram com ele o PMDB, o PSDB, o DEM e outros
partidos, gente da oposição e da tal "base aliada”. Sem dúvida, a
indústria dos presídios está feliz com eles. Haverá mais clientes para suas
empresas.
Não haverá nenhuma redução
da violência no Brasil ao se reduzir a maioridade penal. Pelo contrário, vamos
fortalecer as facções que dominam os presídios em todo o Brasil. Ali o preso
não tem escolha, ou participa de alguma facção, ou ele e sua família estarão
marcados para morrer.
Portanto, nessa votação há
interesses econômicos e eleitoreiros, mas nenhum interesse na paz e na justiça.
Teremos outras votações antes da decisão final, mas com tantas manobras talvez
a razão tenha poucas chances.
Menores de 18 podem cometer
crimes hediondos, sim. Mas, em casas de ressocialização muitos são
recuperáveis. Nos presídios, nunca. Os congressistas sabem, mas por todos os
motivos acima, preferem jogar os adolescentes na jaula dos leões.
Assim o Brasil vai se
tornando cada vez mais uma sociedade policialesca, repressiva, mas não de paz.
Como diziam os profetas da antiguidade, ou mesmo os da modernidade - como
Gandhi, Luther King, Mandela e Papa Francisco -, a "paz é fruto da
justiça”, não dos presídios e da repressão policial.
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