Um relatório lançado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância
(Unicef) ontem (14) aponta que a desigualdade social entre regiões de
uma mesma cidade diminuiu em pelo menos oito capitais brasileiras nos
últimos cinco anos, porém a diferença entre os bairros ainda continua
grande. Para os especialistas do órgão, o caminho mais eficiente para
reverter o quadro é investir em educação.
Em uma sala de aula com 30 alunos na periferia, por exemplo, há em
média 11 com dois anos ou mais de defasagem escolar. Já em um bairro de
classe média ou alta, esse número cai para apenas dois alunos, segundo
um relatório do Unicef, que analisou as oitos capitais atendidas pelo
projeto Plataformas dos Centros Urbanos, entre elas São Paulo, Rio de
Janeiro e Salvador. “É difícil entrar em uma sala de aula de uma escola
pública de um bairro rico e ver que há só quatro alunos negros e que
você é a única menina”, diz a estudante Michelle Mello, de 16 anos.
O mesmo ocorre nos índices de homicídios: nas regiões centrais, a
probabilidade de jovens de até 19 anos serem vítimas de assassinatos é
praticamente nula. Já em bairros mais pobres, a chance salta para 136
por 100 mil habitantes. “Os adolescentes assassinados que morrem por
homicídios aqui no Brasil têm raça, cor e endereço: são homens, negros,
de 16 a 18 anos, que vivem nas periferias das grandes cidades. Eu acho
que isso não é uma pura coincidência”, afirmou o representante do Unicef
no Brasil, Gary Stahl. “Se o Brasil oferecer a mesma oportunidade para
todas as crianças vai reduzir as desigualdades.”
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