segunda-feira, 13 de junho de 2016

Maior encontro LGBT da história da UNE tem início em São Paulo


 
 
 Nova edição do evento reúne mais de 600 estudantes e exalta pluralidade e a resistência contra o golpe

O auditório lotado e colorido com as cores do arco-íris da Faculdade Zumbi dos Palmares, localizada na zona norte de São Paulo, deu o tom plural e engajado da abertura do 2º Encontro LGBT da UNE.

Abriram os trabalhos o diretor LGBT da entidade, Augusto Oliveira, a 1ª diretora LGBT da UNE, Daniella Veyga, o coordenador da rede de cursinhos populares Emancipa, Bruno Zaidan, e o professor doutor José Vicente, reitor da faculdade Zumbi dos Palmares.

Augusto lembrou do momento difícil da democracia no Brasil e reiterou a importância da resistência contra o golpe. "O encontro LGBT vem no espírito da luta, de radicalizar nas ruas para derrubar esse governo e conquistar nossos direitos que não estão em negociação. Não podemos ter medo de nos impor. É nossa tarefa mostrar que podemos ter outra perspectiva de país onde possamos amar sem temer”, falou em alusão ao presidente golpista, Michel Temer.

Daniella Veyga, primeira mulher trans a integrar a diretoria da UNE, afirmou que os LGBTs estão munidos de muita política e saudou todos os participantes. ”São Paulo hoje está fria, mas nossos corações estão quentes com muita vontade de construir um mundo melhor. Esse Encontro mostra que nós estamos munidos de ideias e política para enfrentar o golpe. Sejam bem-vindos”, disse.

Esta é a primeira vez em que o Encontro LGBT da UNE é realizado de forma independente. Em sua inauguração, o evento aconteceu como parte da programação da 9ª Bienal da UNE, realizada em janeiro de 2015, na capital carioca.

Para o diretor LGBT da entidade este é um momento de realização.

"Me sinto muito orgulhoso e feliz por saber que a UNE está ciente da importância da auto-organização dos estudantes LGBTs. Vencemos desafios e hoje estamos aqui mostrando que somos capazes de estruturar um evento como esse”, disse.

Construindo direitos e reafirmando identidades

Em seguida das saudações de abertura, a mesa intitulada "Construindo direitos e reafirmando identidades” debateu as dificuldades e avanços da comunidade LGBT em meio à ofensiva conservadora que vem tomando conta do país.

A deputada federal Erika Kokay (PT-DF), o coordenador de políticas para LGBT da cidade de São Paulo, Alessandro Melchior, a assessora parlamentar do deputado federal Jean Willys (Psol-RJ), Evelyn Silva e a diretora de relações internacionais da UNE, Marianna Dias estavam entre os convidados.

"Este Encontro tem uma grande importância, pois constrói uma UNE mais forte e representativa que formula sobre as mais diferentes perspectivas que os jovens estudantes tem hoje. Estamos em um momento difícil em que há um claro avanço do conservadorismo que não aceita que a UNE faça um encontro LGBT, que não aceita que a UNE tenha diretora trans, que não aceita que nós sejamos instrumentos de transformação da sociedade, mas nós não vamos nos calar. Não engoliremos o golpe e iremos para as ruas porque um mundo sem machismo, sem racismo e sem lgbtfobia é possível e nós seremos provas disso”, enfatizou Marianna.

A composição do governo golpista, predominantemente branco, heteronormativo e machista foi bastante criticada pelos convidados.

"UNE é tão plural e diversa e é isso o que representa o nosso povo e não esse governo”, falou Alessandro Melchior. Alessandro também destacou as políticas LGBT desenvolvidas na cidade de São Paulo, como o ”Transcidadania– projeto social que oferece atendimento e oportunidade de estudo para travestis e transexuais.

“Em 1 ano e meio de projeto colocamos duzentas travestis nas salas de aula. Duzentas travestis puderam se inscrever no Enem de 2016 com seus nomes sociais, inscritas pela prefeirura de São Paulo. Colocar LGBTs no orçamento da cidade é uma inovação e com certeza uma conquista”, celebrou.

Erika Kokay trouxe para o debate a questão da democratização dos meios de comunicação. "Os meios de comunicação estão capturando dos desejos e transformando as pessoas em coisas. A mídia trabalha em favor do golpe. Por isso a luta lgbt tem que ser revolucionária e transformadora. A luta LGBT diz respeito ao direito de ser, ao direito de amar e ao direito de ocupar a cidade porque somos pessoas e não coisas. O domínio do mercado e a coisificação que insiste em nos dizer que não somos donos de nossos próprios corpos tem que acabar. A cidade é palco do nosso afeto porque ninguém pode viver a sua humanidade plenamente dentro do armário”, destacou a deputada.

O 2º Encontro LGBT da UNE acontece até o próximo domingo (12) com mais debates, atrações culturais e rodas de conversa. Acompanhe as novidades no site e também nas redes da UNE.

FONTE: Une

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