Na sanha de ouvir alguma “bomba” do deputado afastado Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), talvez sobre o ex-presidente Lula ou sobre a presidenta eleita
Dilma Rousseff, parte da grande mídia deu uma pausa em sua programação na tarde
desta terça-feira (21) para fazer a transmissão, ao vivo, da coletiva marcada
por Cunha, para expor sua defesa. A coletiva ocorreu no Hotel Nacional, em
Brasília.
Eduardo Cunha durante coletiva em hotel de Brasília Eduardo
Cunha durante coletiva em hotel de Brasília
Na ocasião, nenhum repórter questionou o fato do presidente
afastado da Câmara, alvo de várias investigações, utilizar o espaço da TV
Câmara, por quase uma hora e meia, com exclusividade, para “esclarecer” os
inúmeros casos que vem sendo julgado.
Ao contrário disso, a Globonews e outras emissoras cortaram
sua programação principal e entraram ao vivo com a transmissão da coletiva do
deputado, que logo de início fez uma crítica à Rede Globo e mais precisamente
ao apresentador do Jornal Nacional, Willian Bonner. Segundo Cunha, a emissora
aproveita o poder que tem sobre o telespectador e reprime os espaços para “seus
esclarecimentos”. Imediatamente, a Globonews cortou a transmissão da coletiva.
O canal decidiu tirar o conteúdo do ar sem maiores
explicações, a apresentadora apenas disse que a repercussão da coletiva seria
dada posteriormente e colocaram uma notícia “antiga” que já tinham dado no
bloco anterior.
Acostumado com o paparico da grande mídia, Cunha ressaltou
que a coletiva solicitada por ele tinha o intuito de reaproximar dos veículos
de comunicação, que já não dão mais espaço para ele. “Tenho restringido [a
comunicação] a notas ou manifestações no Twitter. Isto tem prejudicado muito
minha versão dos fatos como também a comunicação. Resolvi voltar com
regularidade a prestar satisfações, eu mesmo me expor ao debate, às entrevistas
porque isto está me prejudicando”, destacou Cunha.
O deputado afastado abordou ainda na coletiva os detalhes
sobre o tratamento da Rede Globo e outras emissoras em relação às denúncias que
políticos recebem, como dispor de pouco tempo ou de nenhum espaço para
esclarecimentos, solicitar retorno minutos antes da notícia entrar ao ar,
colocar políticos opositores para abordar o assunto, entre outros tratamentos
conhecidos por muitos.
Demissão
Após a transmissão da TV Câmara, o presidente interino da
Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (PP-MA), exonerou o diretor-executivo de
Comunicação Social da Casa, Claudio Lessa. A TV Câmara fez a transmissão ao
vivo, em seu canal no Youtube e no canal alternativo da TV digital, as cerca de
duas horas do pronunciamento e entrevista.
Segundo publicação do Valor Econômico, “houve a avaliação de
que a TV Câmara errou e descumpriu uma decisão judicial ao decidir transmitir a
fala de Cunha, já que ele está afastado do cargo e do mandato por decisão
cautelar unânime do Supremo Tribunal Federal”.
O jornal lembrou ainda que o diretor da TV Câmara, aliado de
Cunha, foi o que escreveu em seu blog pessoal uma enquete sobre o que deveria
ser feito para o Brasil sair da crise. Entre as opções, havia a sugestão de que
Dilma Rousseff cometesse suicídio.
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