Procuradora
da Mulher no Senado, Vanessa defende “uma reforma que permita uma
representatividade política mais real, que aumente a representação feminina e
das camadas menos favorecidas; que reduza o peso do poder econômico, amplie a
democracia e assegure a participação das diversas correntes ideológicas.”
E
critica a proposta de reforma política que está em tramitação no Congresso, que
proíbe as coligações proporcionais e a impõe cláusula de barreira, como querem
os "grandes partidos", sem que resolva as profundas distorções no
sistema político-eleitoral do país.
“A
representação política precisa servir para o espelhamento existente entre a
demografia e a democracia. Do contrário, o sistema de representação se reduzirá
apenas a um sistema de dominação social, de raça e de gênero”, avalia a
senadora, para quem é preciso fortalecer as ideias, os projetos, e não os
indivíduos. “Esse é o debate que precisamos enfrentar.”
Perguntas
e respostas
A
parlamentar levanta uma série de questionamentos que pautam o debate sobre a
reforma política e, ao contrário das propostas em análise no Congresso, aponta
soluções para as questões estruturantes.
Por
que os partidos são tão execrados? “Os partidos são execrados porque as siglas
cumprem apenas uma exigência burocrática para alguém disputar uma eleição.
Enquanto isso não mudar, essa aberração não cessará. Isso porque a maioria não
guarda qualquer coerência entre o que diz e pratica, o que só mudará quando
eles forem obrigados a seguir a plataforma apresentada ao eleitor”, responde a
senadora.
Por
que o sistema de representação exclui parcelas importantes da sociedade, como
as mulheres, trabalhadores, negros e indígenas? Segundo a senadora, “isso só
será resolvido quando os partidos forem obrigados a apresentar listas de
candidatos nas quais se alterne a participação de gênero e dos diversos
segmentos sociais.”
Nessas
eleições, as mulheres mantiveram “o mesmo e vergonhoso índice de 10% de
participação no Parlamento”, destaca a senadora. “Uma posição constrangedora
perante o mundo. Ocupamos a 158ª posição entre 190 países, segundo estudo da
União Interparlamentar (UIP), parceira da ONU”, afirma Vanessa.
Por
que os políticos mudam tanto de partido? E por qual razão se criam tantos
partidos? A senadora explica que “como a fidelidade partidária na prática ainda
não existe, o ambiente favorece a promiscuidade”, com a subdivisão e criação de
partidos políticos.
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