Por Jobert Fernando de Paula
Diretor do Sindieletro-MG e membro do
Movimento Luta de Classes
Há
um filme sobre a inquisição feita pela Igreja Católica na idade média chamado
“O poço e o pêndulo”. Nele é ilustrado como eram obtidas as confissões dos
acusados para depois condená-los. Todos eram submetidos às mais bárbaras
torturas até que confessasse o suposto crime e caso resistisse a uma
determinada tortura o acusado era submetido a outro modo ou equipamento mais
agressivo e mais horrendo. As torturas se tornavam progressivas até que o
sujeito confessasse o crime ou morresse no sofrimento.
Aos
que confessavam restava geralmente a fogueira para ser queimado vivo ou muitos
anos num calabouço como pena mais branda. Nenhum acusado poderia confessar um
crime antes de ser torturado, pois a tortura era também uma espécie de
penitência e, portanto, todos deveriam passar pelo processo para “purificar a
alma” (e para atender à sanha sádica dos inquisidores que precisavam tirar uma
casquinha).
Uma
vez no tribunal da inquisição, a morte era o destino quase certo, pois não
havia alternativa entre a confissão sob tortura que resultaria em morte ou
calabouço, ou a morte sob tortura. Não havia necessidade de seus acusadores
provarem o que denunciavam. Com sorte e resistência, o acusado poderia se
livrar da morte e engolir uns anos de prisão.
Atualmente
há juízes da inquisição em plena atividade no Brasil. Os tribunais estão aí
funcionando a todo vapor com prisões e fogueiras midiaticas na direção de
conseguirem uma delação premiada pra que o tribunal subsista. E os acusadores,
via de regra envolvidos nos mesmos crimes, não são investigados, não precisam
provar nada e são colocados como heróis à serviço de uma suposta purificação da
nação. Por enquanto, ao que parece, os torturados e condenados de hoje têm
alguma culpa no cartório. Mas daqui a pouco, como na idade média, mesmo os
inocentes em plenitude terão olhares desconfiados voltados para si quando
chegarem sua hora.
A
idade média é também conhecida como idade das trevas. Tempos sombrios são
também esses que vivemos, quando as garantias constitucionais são relativizadas
ou mesmo rasgadas e o poder institucional, antes regido por premissas
coletivas, passa a ser executado por um pequeno grupo ou até mesmo um único
homem, em nome de um Deus cristão ou maçon que opera para gente de bem…
PS:
O poço e o pêndulo era uma forma de tortura demonstrada no filme na qual o
sujeito não conseguiria escapar da morte na tortura a menos que confessasse.
Era um dos últimos equipamentos ao qual o sujeito era submetido. Fica a dica
para descobrir esse método bárbaro: assistam o filme!
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