O povo de Caicó promove Levante contra Império dos sanguessugas

Podemos afirmar que a data de hoje, 21 de Fevereiro de 2011, deverá entra para o rol das datas comemorativas do nosso município.

Com absoluta certeza hoje não é apenas um dia qualquer na cidade de Caicó e sim um momento histórico, tão importante quanto o 7 de Setembro, pois, a data de hoje ficará marcada como o dia em que os caicoenses foram as ruas proclamar a sua independência.

É claro que temos consciência de que não se trata, ainda, de uma mudança abrupta com relação as mazelas que historicamente têm manchado a política e a administração pública de nossa cidade, mas, porém, hoje o povo de Caicó decidiu dar início a esse processo de mudança.

Representantes de várias entidades realizaram hoje um ato cívico que saiu da Praça Dr. José Augusto, desceu a Avenida Coronel Martiniano e finalizou em frente a Câmara do Legislativo do Município, aonde os manifestantes, em um gesto simbólico contra a corrupção e em favor da transparência, varreram e lavaram a entrada do prédio.

Entre os seguimentos da sociedade civil organizada que estiveram presente no evento podemos destacar a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), os sindicatos dos trabalhadores rurais e dos servidores da educação, a Diocese de Caicó além de personalidades políticas como José Procopio, o ex-vereador Doda e o vereador Valdemar – sendo esta último o altor das denúncias contra alguns membros da câmara de Caicó e que também será, possivelmente, investigado.

O momento mais emocionante do evento foi quando o Bispo da Diocese de Caicó, Dom Delson, proferiu as seguintes palavras: Se essas denúncias forem verdadeiras, meus pesames. Com essa afirmação Dom Delsom se referia as denuncias feitas contra membros da câmara de vereadores de Caicó e lembrava, com indignação, a situação dos que passam fome, dos que dependem do sistema de saúde, de educação e de segurança quando o dinheiro do povo é, vergonhosamente, desviado para fins ilícitos.

Os professores da rede municipal de ensino foram presença maçissa no ato cívico realizado hoje, com coletes e faixas eles reivindicavam melhorias para educação e o cumprimento da Lei do Piso Salarial que a gestão municipal insisti em não cumprir.

Olhares curiosos e enigmáticos também prestigiaram o levante popular, eles estavam nas sacadas do Centro Administrativo e da Câmara de Vereadores. Alguns desses olhares transpareciam deboche e eram acompanhados de sorrisos cínicos, outros demonstravam indiferença diante de uma crível certeza na impunidade, havia olhares que admitiam culpa e também aqueles que se revelavam temerosidade e que prenunciavam a queda de um império.

De fato, o povo de nossa querida Caicó não pode mais aceitar que parte de nossas energias, que se converte em impostos e mais impostos, sejam drenadas para contas bancárias e sirvam a interesses particulares enquanto aqueles que dependem da ação dos recursos públicos padecem diante de precários serviços estatais. Precisamos minar, com atitudes como a que Caicó viu hoje, o império dos sanguessuga, dos parasitas que habitam a política de nossa cidade e do nosso estado e que nós, erroneamente, escolhemos como representantes.

É lamentável que nossa cidade ocupe lugar na mídia com denúncias de atitudes vergonhosas das quais alguns vereadores são acusados, no entanto é preciso.

É louvável a postura de uma pequena parte da imprensa da nossa cidade e do nosso estado que escaparam da cooptação de alguns presunçosos e que, corajosamente, tem levado os últimos fatos ocorridos em nossa cidade ao conhecimento da opinião pública. É louvável  a iniciativa popular que em meio a essa triste realidade promoveu, nessa data histórica, uma festa ordeira e democrática em favor da apuração da verdade e da punição dos culpados.

Já passamos da hora de rompermos com os laços que nos prendem a uma cultura política centenária, marcada por práticas coronelista e favoritistas e que faz com que a saúde, a educação, a segurança pública e o bem estar dos cidadãos honestos sejam comprometidos em favor de um covil de canalhas que se apropriam do que é do povo.