segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A luta pela Educação tem que ser de todos


Nas eleições do ano passado, como em qualquer outra, não faltaram candidatos que exaltavam a educação como prioridade de seu mandato. Passado as eleições voltamos a ver as mesmas cenas de descaso em todo país, escolas abandonadas, pais sem terem aonde matricularem seus filhos, professores mal remunerados o que culmina em muitos protestos e greves.

O que é mais irônico disso tudo é ver o governo federal criar uma propaganda como aqui está sendo veiculada no meio televisivo, que sublima o professor, reconhece a profissão como principal mecanismo de promoção do desenvolvimento de um país sem, contudo, demonstrar, com atitudes reais, seu reconhecimento por essa profissão.

A propaganda do governo reconhece o valor do professor, mas não paga. Criou-se uma lei (a do piso Salarial) que a maioria das cidades e estados não cumpri, inclusive Caicó. É realmente irônico.

Em nossa cidade, cuja situação é bem delicada em razão dos descontentamentos dos professores diante da ausência de propostas e de dialogo do poder municipal, tudo parece caminhar para mais um movimento grevista.

Diante dos anos de congelamento dos salários dos professores, que contrasta com o aumento dos preços que constatamos principalmente nos produtos da cesta básica, é mais do que justo que a categoria utilize-se de qualquer dispositivo legal de protesto, inclusive a paralisação de suas atividades, para reivindicar seus direitos. No entanto, o que nos preocupa é a forma como a greve será feita.

O que temos percebido é que nos últimos movimentos que aconteceram em nossa cidade muitos são aqueles professores que não se sente motivado a entrar na luta. Além disso, dos que dizem está em greve há também aqueles que não participam ativamente ou que aproveitam a situação para tirar férias. Porém, em nossa opinião, um dos maiores problemas enfrentados pelo movimento sindical em Caicó tem sido a falta de engajamento e de apoio de parte da sociedade, principalmente pais e alunos.

Não adianta também ficarmos nos queixando de colegas que não participam do movimento, sabemos muito bem que eles devem ter bons motivos para não se empolgarem com a idéia. Não basta criticar os colegas que aproveitam a greve para tirar férias nem taxar de ignorante a parcela da sociedade que não entende e nem apóia a nossa luta. Como diz o ditado: se a montanha não vai até Maomé, Maomé vai até a montanha. Entendemos que o que devemos fazer antes da greve é uma grande campanha política pró-greve.

Diante do que temos vivenciado em Caicó a greve é sem duvida inevitável, mas precisa ser precedida de uma verdadeira campanha política de modo a podermos conquistar apoio tanto dentro da nossa categoria como no cerne de nossa sociedade.

É preciso conquistar o apoio de todos da categoria, cada um de nós precisa entender a si próprio como uma esperança para um país mais justo e bem sucedido, de pessoas felizes e realizadas, pois, as nossas palavras semeia médicos, advogados, professores e inclusive os políticos que nos representaram. Para sermos valorizados temos que primeiramente nos valorizar. Todos nós, professores, temos que entender que a vitória é possível mais não fácil. Temos que ser antes de tudo participativos, não basta deixarmos o campo de batalha a cargo apenas de meia dúzia de soldados. Temos que ser persistente, não podemos nos intimidar diante das ameaças que virão.  

Vamos fazer panfletagem nas escolas, esclarecimentos no radio e na internet. Vamos sair num carro de som, parando em cada bairro, fazendo comícios relâmpagos para expor os motivos do movimento para sociedade. Vamos tentar levar pais, alunos, representantes da sociedade civil organizada, para as nossas passeatas.

Uma andorinha só não faz verão, precisamos do povo do nosso lado. O movimento por uma educação de qualidade, que implica em salário digno para os professores, não pode ser mais restrita a uma luta de classe, mas de todos os indivíduos de nossa sociedade.


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