A reza da Gloebbesl sobre a “retomada do crescimento” parece que não foi ouvida pelo Deus-Mercado, já que o cenário macroeconômico não ajuda e a microeconomia sofre efeitos profundos dessa “retomada de crescimento”. Em abril o Real teve uma desvalorização de 11,0% e quando se olha para a catástrofe econômica da Argentina, governada pelo ultraliberal Macri, um “modelo” a ser seguido pela Terra Brazilis, o cenário sombrio do país se cristaliza.
A Consultoria GO e a Tendências Consultoria estimaram que 2,5 pontos porcentuais da recessão de 2015 (que foi de 3,8%) resultaram dos efeitos da paralisia causada pelas investigações e a crise política iniciada no fim de 2014, sem desconsiderar os erros da política econômica feitas no governo Dilma, entre 2011 e 2014, em que, respondendo a um cenário externo negativo, a equipe econômica adotou uma nova política econômica a partir de 2011, buscando a consolidação fiscal; reduziu as taxas de investimento público; e promoveu extraordinárias desonerações tributárias, não compensadas pelo setor empresarial.
A teimosia de alguns economistas, ao afirmarem que há essa recuperação se explica mais por sua convicção liberal e/ou pelo compromisso com seu empregador, visto que muitos deles são empregados de consultorias financeiras ou econômicas, que precisam gerar a expectativa de recuperação, talvez para internalizar no trabalhador desempregado ou “alentado”, que para voltar ao “novo” mercado de trabalho ele precisará aguardar que a “economia” se ajuste, algo que chega a ser bizarro.
O alegre consumidor da classe média se depara, agora, com a elevação dos preços de produtos importados ou daqueles que tem componentes produzidos no exterior. O trigo, por exemplo, é um bem que tem um alto componente de importação, cerca de 50,0% do total e ele é componente de vários produtos alimentícios, ou seja, o pão, que tanto o pobre como o da classe média comem, deverá ser afetado.
O impacto dessa depressão na vida do trabalhador é devastador. Dados do Cadastro de Emprego e Desemprego do Ministério do Trabalho (CAGED) de 2018, mostram que as vagas que cresceram são aquelas com remunerações de até dois salários mínimos. As vagas formais geradas no início de 2008 eram de até quatro salários e também de sete a dez salários. As novas vagas estão pagando menos, entre 75% e 80% do que a empresa pagava ao empregado dispensado. O “novo” mercado de trabalho revela uma volta ao passado, com efeitos cataclísmicos entre os pobres e miseráveis, que não tem mais uma política estatal de inclusão social.
Com o Congresso paralisado e com seus parlamentares já envoltos na sobrevivência política, a cena econômica da Terra Brazilis ficou literalmente ao “Deus dará”, com os agentes microeconômicos sem condições de fazer nenhum tipo de novo investimento e os grandes conglomerados empresariais buscando alternativas para manter suas margens de lucros, podendo operar no mercado financeiro ou recorrendo ao setor externo. O único setor que navega suavemente nessa crise devastadora é o financeiro, protegido descaradamente pelo governo golpista, que tem obtido lucros permanentes e tem apoiado todas as investidas desse governo em proteger seus lucros.
A sociedade que vive do trabalho é a única que pode brecar essa regressão civilizatória e isso exige cada vez mais que segmentos organizados digam isso à população, buscando quebrar o casulo criado pela mídia. A realidade pode ser dolorida para quem vive vagando nas ilusões dos discursos de 2013, mas uma hora ela vai bater à porta de quem ainda não compreendeu que o Golpe de maio de 2016 jogou esse país no lixo da história.
Nenhum comentário:
Postar um comentário