Líderes
da base governista e da oposição na Câmara dos Deputados chegaram a um acordo
que levou ao adiamento da votação do Projeto de Lei 4567/16, que retira a
obrigatoriedade de atuação da Petrobras como operadora única do regime de
partilha de produção em áreas do pré-sal.
Pelo
acordo, a votação fica adiada até depois do primeiro turno das eleições
municipais. Em troca, conforme anunciou o líder do PT, deputado Afonso Florence
(BA), o partido concordou em desobstruir a votação de medidas provisórias que
vão vencer. O líder destacou que as MPs que foram à votação não estão entre as
iniciativas do governo que retiram direitos dos trabalhadores.
Independentemente
do adiamento, o deputado Carlos Zaratini (PT-SP) alerta que sem mobilização o
governo aprovará o PL 4567/16, originário de projeto do senador licenciado José
Serra (PSDB-SP), hoje ministro das Relações Exteriores. “Se não tiver uma
mobilização intensa da sociedade, vai ser difícil barrar esse projeto, porque
aqui a maioria governista é muito forte”, diz.
O
parlamentar acrescenta que essa é a principal pauta, após a queda do
ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). “Como já passou a questão do Cunha, essa é
agora a principal questão da conjuntura para enfrentarmos. Para nós é
fundamental uma mobilização grande em torno dessa questão que é estratégica
para o Brasil, porque entregar o petróleo para multinacionais vai contra toda a
soberania nacional”, afirma Zaratini.
Para
Afonso Florence, “foi uma importante vitória garantirmos o adiamento da
votação”. Ele destaca a necessidade de mobilização “para, após as eleições,
continuarmos combatendo a entrega do patrimônio brasileiro, que o governo
Michel Temer, com o apoio do PSDB, do DEM e de outros partidos de direita
querem realizar”. Florence disse, segundo a Agência Câmara, que o objetivo “é
mobilizar para conseguir mais adiante derrotar a votação do pré-sal”.
Em
sua página na internet, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) confirmou que o
adiamento do projeto do pré-sal foi garantido em reunião com o presidente da
Câmara, Rodrigo Maia (DEM/RJ), após os líderes da minoria – PT, PCdoB, PDT e
Psol – concordarem em retirar a obstrução da votação de algumas medidas
provisórias.
As
lideranças do PT, do PCdoB e do Psol têm afirmado reiteradamente que sem
mobilizações não haverá como evitar a aprovação de iniciativas que ameaçam
direitos do trabalhador, do cidadão e a soberania nacional. Na última
quinta-feira (8), por exemplo, o Senado aprovou a Medida Provisória 727, que
cria o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). Aprovado sem alterações
após passar pela Câmara, projeto vai à sanção presidencial. A MP 727 foi
aprovada com facilidade no Senado, por 44 votos a 6.
Outra
pauta que tramita na Câmara e é citada por todas as lideranças da oposição como
uma das principais ameaças a direitos é a PEC 241, que congela investimentos em
saúde e educação por 20 anos. Como se trata de uma emenda à Constituição, a PEC
exige a aprovação de três quintos dos plenários da Câmara e do Senado em dois
turnos.
A
avaliação da FUP é de que, com o adiamento da votação do projeto do pré-sal, os
petroleiros terão mais tempo para mobilizar a sociedade. “Uma luta que vem
sendo travada pela FUP e seus sindicatos desde março do ano passado, quando o
então senador José Serra deu entrada no PLS 131, cumprindo promessa feita à
Chevron, de que mudaria as regaras de exploração do pré-sal”, diz a entidade.
O
PL altera a Lei nº 12.351/2010, tornando “facultativo” à Petrobras o direito de
preferência para atuar com participação mínima de 30% nos consórcios formados
para exploração no regime de partilha. Pela lei em vigor, a Petrobras atua
sempre como operadora. Na prática, a “Lei José Serra” desconstrói o regime de
partilha.
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