Por Professor Thiago Costa
Em Coluna publicada no site
da Folha de São Paulo, no dia 31 de outubro do corrente ano, Reinaldo Azevedo
se utiliza de uma alegoria numérica no
intuído de vincular a reeleição de Dilma ao Bolsa Família, chegando a afirmar
que:
“É
preciso ser intelectualmente desonesto para não constatar que existe uma obvia
relação entre o benefício (Bolsa Família) e a fidelidade ao petismo”
A coluna é dele e ele
escreve o que quiser, mas, quero aqui fazer algumas considerações, pessoais,
sobre os equívocos contidos em sua nota.
Primeiramente, existem uma
diferença clara entre o coronelismo e a política social do Bolsa Família. As
políticas clientelistas próprias do coronelismo, sobre as novas e as velhas
formas que ainda perduram, visam encurralar e manter os miseráveis em sua
condição de miséria, desprezando o caráter humano em questão, não interessando
a sua libertação econômica, intelectual e cultural.
Porém, no caso do Bolsa Família,
o benefício visa a libertação econômica, intelectual e cultural do cidadão. Não
que o beneficio ofereça, por si próprio, renda suficiente para sobreviver, mas,
sim, um estimulo que tem como condição a permanência do aluno na escola, o seu
acompanhamento por órgão de assistência social e o compromisso com a vacinação
em dia das crianças e adolescentes beneficiados. Além disso, o participante do
Bolsa Família é mapeado e tido como prioridade em cursos profissionalizantes
oferecidos pelos IFs, Pronatecs ou ainda aqueles disponibilizados através das
parcerias com o sistema S.
São justamente essas
oportunidades que fazem com que o cidadão melhore sua condição de vida, ingressem
na escola, em cursos técnicos, universidades e libertem-se de sua condição de
pobreza e de dependência, além de ter acesso a bens não só materiais, mas,
também, intelectuais e culturais, algo que não vislumbravam antes.
No entanto, de fato, o Bolsa
Família pode e tem sido usada, de forma propositalmente distorcida, por parte
de algumas legendas conservadoras e políticos mal caráter, que vê no programa a
oportunidade de renovar práticas coronelistas, uma vez que não o executam tal
como deve ser feito. Dessa forma, tais políticos, que ocupam as administrações
locais dos milhares de municípios brasileiros, se negam a fazer o
acompanhamento das famílias, das freqüências dos alunos, da evolução da renda,
sendo omissos no processo de recadastramento e se utilizando desse importante
programa como moeda de troca eleitoral.
Em segundo lugar, para muito
além do Bolsa Família, o que explica a votação de Dilma não foi apenas aquele
programa social que de fato distribui renda, abre oportunidades e ainda
estimula as economias locais. O que explica a reeleição de Dilma são o conjunto
de oportunidades abertas a população antes marginalizada (trabalhadores, pequenos
empreendedores do campo e da cidade, desempregados, estudantes, negros, índio,
mulheres, LGBTs) e seus resultados já visíveis.
É bastante positivo, no
diagnóstico de significativa parcela dos eleitores, o fato do aumento real do
salário mínimo que vem sendo proporcionado nos últimos 12 anos, pois, ainda que
estejamos vivendo um momento de inflação que pode chegar a 6,5 no fim do ano,
temos uma realidade bem diferente da época em que estivemos entregues nas mãos
dos governos tucanos. No último ano de governo tucano de FHC a inflação beirava
os 8%, o que era ainda mais grave haja vista que naqueles tempos não havia um
política valorização salarial consistente.
Vale lembrar, ainda, as políticas
educacionais de inclusão que criaram as condições para que filhos de
trabalhadores, independente das profissões ocupadas por seus pais, pudessem ingressar
em qualquer curso, em qualquer lugar do país, graças a, por exemplo, o sistema
de cotas, o Enem, o Prouni e os investimentos realizados na educação básica.
E por falar em inclusão,
será que é exagero, na ótica do senhor Reinaldo, falar no impacto social e
econômico de programas como minha casa minha vida, minha casa melhor, Brasil
carinhoso, luz para todos entre Outros? Será que é exagero pensar no impacto
social que um programa como o Mais Médico proporciona aos milhões de moradores
das regiões interioranas, afastadas dos grandes centros, aonde muitos médicos brasileiros
relutavam em fazer carreira?
Em terceiro lugar, feito essas
considerações, julgo interessante destacar que apesar de ter sido o texto do
referido colunista da Folha de São Paulo o que me inspirou a escrever essas
linhas, não se trata aqui de responder aquele cidadão, pois, acredito que ele
tem nítida consciência de que não foi o Bolsa Família a responsável pela
eleição de Dilma.
Não me interessa responder,
a Reinaldo, pois, tenho plena consciência que se ele escreve o que escreve não é
por acreditar naquilo que tenta induzir os seus leitores a acreditarem, e sim,
por agir conforme interesses que, com toda certeza, não são os interesses das classes
trabalhadoras e do conjunto de segmentos historicamente marginalizados durante
todo o tempo em que a elite conservadora ocupou o poder.
O que me move a escrever
essas linhas é saber que o que Reinaldo Azevedo deseja propagar em sua coluna
de opinião, assim como outros colunista da imprensa tradicional, é um tipo de
pensamento que distorce a realidade com o claro propósito de fazer crescer um
sentimento separatista, focado no ódio e em apologia ao autoritarismo e ao
retorno das velhas elites ao poder.
Portanto, o que me
interessa, aqui, é contribuir para a necessária reflexão critica que o atual
momento exige de todos nós brasileiros, pois, é necessário filtrar bem as
informações veiculadas por esse tipo de mídia e os eventos que possivelmente
poderão ser protagonizado pelas velhas, novas e até pretensas elites no intuito
de confundi a opinião pública e golpear o poder constituído.
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