domingo, 2 de novembro de 2014

Discurso das elites tem o cheiro podre do golpe!



Por Professor Thiago Costa


Em Coluna publicada no site da Folha de São Paulo, no dia 31 de outubro do corrente ano, Reinaldo Azevedo se utiliza de uma alegoria numérica  no intuído de vincular a reeleição de Dilma ao Bolsa Família, chegando a afirmar que:

“É preciso ser intelectualmente desonesto para não constatar que existe uma obvia relação entre o benefício (Bolsa Família) e a fidelidade ao petismo”

A coluna é dele e ele escreve o que quiser, mas, quero aqui fazer algumas considerações, pessoais, sobre os equívocos contidos em sua nota.

Primeiramente, existem uma diferença clara entre o coronelismo e a política social do Bolsa Família. As políticas clientelistas próprias do coronelismo, sobre as novas e as velhas formas que ainda perduram, visam encurralar e manter os miseráveis em sua condição de miséria, desprezando o caráter humano em questão, não interessando a sua libertação econômica, intelectual e cultural.

Porém, no caso do Bolsa Família, o benefício visa a libertação econômica, intelectual e cultural do cidadão. Não que o beneficio ofereça, por si próprio, renda suficiente para sobreviver, mas, sim, um estimulo que tem como condição a permanência do aluno na escola, o seu acompanhamento por órgão de assistência social e o compromisso com a vacinação em dia das crianças e adolescentes beneficiados. Além disso, o participante do Bolsa Família é mapeado e tido como prioridade em cursos profissionalizantes oferecidos pelos IFs, Pronatecs ou ainda aqueles disponibilizados através das parcerias com o sistema S.

São justamente essas oportunidades que fazem com que o cidadão melhore sua condição de vida, ingressem na escola, em cursos técnicos, universidades e libertem-se de sua condição de pobreza e de dependência, além de ter acesso a bens não só materiais, mas, também, intelectuais e culturais, algo que não vislumbravam antes.

No entanto, de fato, o Bolsa Família pode e tem sido usada, de forma propositalmente distorcida, por parte de algumas legendas conservadoras e políticos mal caráter, que vê no programa a oportunidade de renovar práticas coronelistas, uma vez que não o executam tal como deve ser feito. Dessa forma, tais políticos, que ocupam as administrações locais dos milhares de municípios brasileiros, se negam a fazer o acompanhamento das famílias, das freqüências dos alunos, da evolução da renda, sendo omissos no processo de recadastramento e se utilizando desse importante programa como moeda de troca eleitoral.

Em segundo lugar, para muito além do Bolsa Família, o que explica a votação de Dilma não foi apenas aquele programa social que de fato distribui renda, abre oportunidades e ainda estimula as economias locais. O que explica a reeleição de Dilma são o conjunto de oportunidades abertas a população antes marginalizada (trabalhadores, pequenos empreendedores do campo e da cidade, desempregados, estudantes, negros, índio, mulheres, LGBTs) e seus resultados já visíveis.

É bastante positivo, no diagnóstico de significativa parcela dos eleitores, o fato do aumento real do salário mínimo que vem sendo proporcionado nos últimos 12 anos, pois, ainda que estejamos vivendo um momento de inflação que pode chegar a 6,5 no fim do ano, temos uma realidade bem diferente da época em que estivemos entregues nas mãos dos governos tucanos. No último ano de governo tucano de FHC a inflação beirava os 8%, o que era ainda mais grave haja vista que naqueles tempos não havia um política valorização salarial consistente.

Vale lembrar, ainda, as políticas educacionais de inclusão que criaram as condições para que filhos de trabalhadores, independente das profissões ocupadas por seus pais, pudessem ingressar em qualquer curso, em qualquer lugar do país, graças a, por exemplo, o sistema de cotas, o Enem, o Prouni e os investimentos realizados na educação básica.

E por falar em inclusão, será que é exagero, na ótica do senhor Reinaldo, falar no impacto social e econômico de programas como minha casa minha vida, minha casa melhor, Brasil carinhoso, luz para todos entre Outros? Será que é exagero pensar no impacto social que um programa como o Mais Médico proporciona aos milhões de moradores das regiões interioranas, afastadas dos grandes centros, aonde muitos médicos brasileiros relutavam em fazer carreira?

Em terceiro lugar, feito essas considerações, julgo interessante destacar que apesar de ter sido o texto do referido colunista da Folha de São Paulo o que me inspirou a escrever essas linhas, não se trata aqui de responder aquele cidadão, pois, acredito que ele tem nítida consciência de que não foi o Bolsa Família a responsável pela eleição de Dilma.

Não me interessa responder, a Reinaldo, pois, tenho plena consciência que se ele escreve o que escreve não é por acreditar naquilo que tenta induzir os seus leitores a acreditarem, e sim, por agir conforme interesses que, com toda certeza, não são os interesses das classes trabalhadoras e do conjunto de segmentos historicamente marginalizados durante todo o tempo em que a elite conservadora ocupou o poder.

O que me move a escrever essas linhas é saber que o que Reinaldo Azevedo deseja propagar em sua coluna de opinião, assim como outros colunista da imprensa tradicional, é um tipo de pensamento que distorce a realidade com o claro propósito de fazer crescer um sentimento separatista, focado no ódio e em apologia ao autoritarismo e ao retorno das velhas elites ao poder.

Portanto, o que me interessa, aqui, é contribuir para a necessária reflexão critica que o atual momento exige de todos nós brasileiros, pois, é necessário filtrar bem as informações veiculadas por esse tipo de mídia e os eventos que possivelmente poderão ser protagonizado pelas velhas, novas e até pretensas elites no intuito de confundi a opinião pública e golpear o poder constituído.

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