sexta-feira, 13 de junho de 2014

Quem Vaiou Dilma?

Por Professor Antônio Neves

Quem vaiou Dilma foram seus próprios “aliados”, pertencentes a uma elite econômico-social que apoiou o projeto Lula em 2002 e reafirmou-o em 2010, num pacto de alianças com as forças mais reacionárias da burguesia capitalista nacional.
Quem vaiou Dilma não foram os trabalhadores(as) da cidade ou do campo, que nos últimos doze anos foram beneficiados com políticas de transferências de renda mínimas enquanto a elite (fingida, mas cada dia mais rica), ganhou milhões com uma política econômica pautada, não nos interesses gerais do povo, mas na conservação das garantias da concentração da riqueza produzida, que é de onde esta elite preserva seu status de donas e controladoras da nação.
Quem vaiou Dilma, vaiou todas as mulheres do Brasil, inclusive as que deram suas vidas para que esta elite de sorriso artificialmente branqueado possa ir aos estádios de futebol ou aos seus canais de televisão (que inclusive são concessões públicas) xingar com palavras de baixo calão a Presidenta da República. Imagino que esta mesma elite, por 21 anos do passado, não podia abrir a boca para dizer o que pensava de alguns presidentes daquele período porque corria o risco de sofrer torturas e perseguições, mas hoje pode ir aos estádios de futebol expressar todas sua ignorância e violências verbais imaginando estarem exercendo o pleno direito à cidadania e a democracia...
Os que vaiaram Dilma fazem parte da casta social que discrimina os nordestinos, que pratica homofobia velada e a pedofilia cristã, sonega impostos, corrompe eleitores; são funcionários fantasmas nas altas cortes da República, com direito a receber altíssimos salários ao final do mês, encenam a espúria arte novelesca dizendo que é reflexo da realidade brasileira e fazem discursos e passeatas pela paz para esconder os crimes que praticam contra a pátria, mas dizem que a culpa é do PT.
Quem vaiou Dilma foi parte de um Brasil antipovo, golpista, que não gosta de gente humilde, há não ser quando é para essa gente limpar suas privadas cheias de POeiras. As vaias vieram de um Brasil branco, machista, patriarcal, latifundiário, representantes da casa grande, que alegam não precisar de governo, mas controlam o Estado e suas estruturas de poder.
Muitos desses brasileiros(as) que vaiaram Dilma no estádio da Copa, sequer moram no Brasil, vivem com suas esposas siliconadas em Miami (EUA), lambendo as botas do capital americano ou escondidas nas mansões da zona sul do Rio de Janeiro e São Paulo, onde tomam wisque de $ 10.000 (dólares) pago à custa da exploração dos trabalhadores e da pobreza estrutural que o governo ainda não teve coragem de transformar com a voz afirmativa da população que clama por mudanças...
As vaias contra Dilma pode ser entendida como um recado traiçoeiro dessa elite que tanto se beneficiou dos dois últimos governos da esquerda tecnocrata que está na Presidência da República. Eleitoralmente, esta elite de mentalidade Veja/Globo está dividida entre os dois projetos em disputa, dos quais ela pretende se manter aliada para continuar garantindo a maior fatia do bolo do poder.
Em meio a protestos, vaias e ostensiva ação da oposição oportunista, Dilma não teve a competência de dialogar com a classe trabalhadora pela construção de uma aliança política popular que pudesse olhar para os Brasis e reconhecê-los como um país em disputas, onde de um lado estão os que querem dialogar para promover reformas e mudanças políticas e estruturais objetivas e do outro, os que querem manter tudo como está em nome de interesses que dormem eternamente em berço esplêndido.
As vaias contra Dilma revelam um antisentimento de revolta, tão pouco foi de indignação ou protesto, passou somente como um gesto grosseiro, refogado de um fascismo ultrarreacionário que ganhou força num governo que deveria ter falado abertamente com a classe trabalhadora para afirmar que democracia é o governo da maioria, e no Brasil, a maioria não é a elite, é o povo, que confuso assiste a tudo envolvido pelos ecos do atraso que vem da casa grande.

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