segunda-feira, 4 de abril de 2011

Isso também é com você!


O prefeito de Caicó (Bibi Costa) está decidido e empenhado no seu propósito de ridicularizar os professores, os pais, os alunos e todos aqueles que dependem do ensino público. Além do não cumprimento do Plano de Cargo Carreira e Salário, do piso salarial, das ameaças, tentativas de intimidações e corte de salários agora procuram nos humilhar nos oferecendo uma esmola de 4%.

Nós que estivemos na linha de frente da batalha durante os 25 dias, que aderimos corajosamente a essa greve, fomos bastante perseguidos. Porém, caro amigo, isso também É COM VOCÊ!

É COM VOCÊ, que é pai e mãe, que colocam seus filhos em escolas públicas e que são penalizado com uma situação cujo o único culpado é a atual administração da nossa cidade, que não nos dar o que é de direito e ainda tenta nos enrolar com falsos argumentos de que não tem dinheiro. É COM VOCÊ, colega professor, que vêem os seus direitos serem negado enquanto ganha um salário defasado por um trabalho tão nobre e decisivo para o futuro de uma sociedade.

No ano de 2010 o governo federal destinou a educação de Caicó, através do FUNDEB, quase 10 milhões de reais; já o governo municipal declarou ao estado que teria gastado, naquele mesmo ano, 7 milhões com a educação. E o restante, ficou em que? O gato comeu? Queremos saber.

Caros camaradas pais, alunos e professores, sabemos como está a situação de muitas escolas e creches municipais que funcionam precariamente, com problemas de encanação, falta de estruturas para alunos especiais, teto ameaçando desabar entre outras situações. E isso tudo, também é COM VOCÊ!

Não se deixe enganar pelo discurso dos privilegiados da nossa sociedade. Eles chamam a nós, professores, de vagabundo, de mundiça quando estamos apenas reivindicando os direitos que eles nos negam. Quando você, pai, e você, aluno, assumem esse discurso estão defendendo os interesses daqueles que governam contra você.

Vamos colocar as coisas em pratos limpos. Caicó tem dois grandes grupos políticos. Nesse exato momento tão circulando falsos boatos de que o grupo intitulado de verde está dividido internamente, com Roberto Germano de um lado, Álvaro de Outro, Nelter de outro. O Mesmo se diz do grupo intitulado de vermelho. No entanto, quando chegar a eleição veremos o aparente pluripartidarismo sumir e a divisão ilusória se converter nas tradicionais disputas entre “bacurais” e “bicudos”, salvo alguma exceção aqui e acular quando aparece uma força alternativa.

É isso o que acontece, camaradas. Cada um desse grupos políticos podem ter as suas divergências internas, mas, quando chega a hora de defender os seus interesses o que prevalece é a união, é dai que deriva uma parte do poder dos “bicudos” e “bacurais”. Esses grupos defendem os interesses de uma parcela de empresários, dos produtores de eventos, bancários, latifundiários, ou seja, os ricos que são seus aliados políticos, que financiam suas campanhas eleitorais.

Os grupos políticos da nossa cidade estão interessados tão somente no seu voto. Isso também É COM VOCÊ!

É isso o que acontece. Os poderosos se unem em trustes, cartéis, partidos políticos e outras instituições para defenderem os interesses deles próprios. Dai reside parte de sua força. Porém, o pior é reconhecer que a outra parte da força que pessoas como Bibi Costa possuem residem das próprias camadas da sociedade que sofrem com sua política excludente.

São as mesmas pessoas que sofrem com o acumulo de lixo nas ruas, com demora na entrega de obras importantes, com os buraco nas estradas que cortam nossa cidade,  com a falta de estrutura nas escolas e os baixos salários pagos aos professores que erram e dão poder aqueles.

O nosso erro nem sempre consiste em votar nesses “cidadãos”, mas, sim, em continuar votando e em calarmos e cruzarmos os braços enquanto eles nos oprime e usam, inclusive, meios de comunicação para debochar do povo. O nosso erro consiste em assumir o discurso do nosso inimigo contra nós mesmo.

Caro trabalhador, pai, mãe e aluno, a escola pública não é do interesse dos políticos poderosos de nossa cidade. A escola pública é do interesse das camadas menos favorecidas dessa cidade de fé e agonia.

Somos nós trabalhadores, homens e mulheres que colocam seus filhos nas escolas municipais, que devemos compor as primeiras fileiras na luta por uma educação pública de qualidade. Enquanto nós não entendermos que precisamos nos unir, assim como fazem os poderosos, não obteremos êxitos significativos na busca pela realização desse sonho.

Defendemos o cumprimento da lei do piso salarial por que entendemos que não tem como falar em educação de qualidade sem a devida valorização do professor. Não tem como o professor se dedica inteiramente a sua função e investir na sua capacitação enquanto tivermos de ter dois ou três vínculos, trabalhar noutras atividades para termos uma renda melhor. É essa desvalorização que tem acarretado a fuga do magistério, já que muitos formados buscam outros caminhos e os que tão na sala de aula abandonam a profissão na primeira oportunidade de emprego melhor e de uma vida mais digna.

Feito esses esclarecimentos, pergunto a você que é um simples trabalhador: você acha que os filhos das classes que esses políticos descomprometidos representam, ou melhor, os próprios filhos deles estão matriculados em escolas públicas? Você acha que eles se importam se está tendo ou não aula na escola publica?

A única coisa que intimida esses poderosos é a pressão popular, pois, essa, pode representar a sua derrota nas próximas eleições.

Saímos da greve com uma proposta de 4% que por um lado é irrisório, mas, por outro, representa uma grande vitória se considerarmos que lutamos sem o apoio da maioria dos nossos colegas professores, dos nossos alunos e de seus responsáveis. Justamente os que deveriam nos apoiar nos abandonaram e, agindo assim, acabaram por atirar no próprio pé, pois através da união seriamos capaz de feitos mais audaciosos.

Além disso, podemos comemorar o fato de que ficou mais do que comprovado que os novos servidores, em estágio probatório, têm todo o direito aderir aos movimentos grevistas, ou, por acaso, alguém acredita que Bibi não nos exonerou por que ele é bonzinho. Não caro colegas, ele não nos exonerou por que ele sabe muito bem que tal ato não teria respaldo legal.

Enquanto aos 4% de reajuste proposto pelo prefeito, no intuito de humilhar a nossa categoria, os professores grevistas decidiram – em assembléia realizada nesse dia 4 de abril de 2011 – renunciar a essa esmola por considerá-la indigna.

Renunciamos aos 4%, mas voltamos a sala de aula com a cabeça erguida, pois nossa dignidade não tem preço.

É preciso reafirmar essa necessidade: se o povo quer uma sociedade mais justa precisa começar a se organizar e a falar uma língua própria, e não o idioma dos poderosos. Portanto, deixo aqui um último questionamento: Você ainda acha que isso tudo NÃO É COM VOCÊ?!



Um comentário:

Blog da Mariquinha disse...

Parabéns a todos os guerreiros que fizeram da sua consciência uma bandeira de luta, PARABÉNS aos professores novatos pela garra pela determinação.Estamos sim de cabeça erguida, 4% ñ compra a nossa dignidade, nossa luta é séria, o prefeito ñ tem respeito pela população mas nós desmonstramos q temos respeito e por isso suspedemos a greve. A luta continua, ñ podemos calar, nossa voz fará grande diferença, talvez esse seja o motivo do gestor demonstrar tanto despreso com os professores.Nós somos as formigas que ferroam o boi ZEBU.