segunda-feira, 15 de agosto de 2016

O MST quer derrubar o mito de que os produtos orgânicos são mais caros



 O armazém fica na região central da capital paulista
Conhecer a origem do que você come vai além do papo saudável sobre comida. É isso (também) que ficou claro quando estive com integrantes do MST, durante a inauguração do Armazém do Campo, uma loja aberta no dia 30 de julho no bairro da Barra Funda, em São Paulo. No espaço mantido pelo movimento é comercializada a produção agrícola excedente dos assentamentos e também é possível encontrar outros produtos industrializados orgânicos — tudo a um preço justo.

Por Carla Castellotti

O armazém fica na região central da capital paulista O armazém fica na região central da capital paulista
A ideia da criação do entreposto surgiu depois da 1ª Feira Nacional da Reforma Agrária, realizada no Parque da Água Branca, em São Paulo, em outubro de 2015. A feira, que colocou à venda cerca de 800 variedades de produtos cultivados em assentamentos do MST, deu tão certo que a ideia do Armazém ganhou forma.
Delwek Matheus, assentado da região de Itapeva (SP), e um dos integrantes do MST a explicar a função do espaço aos jornalistas convidados para a coletiva de imprensa, contou que o movimento tem produção em todos os estados do país e que "a abertura do Armazém é uma forma de fazer valer o compromisso político da reforma agrária, seja levando alimentos saudáveis à mesa das pessoas, seja melhorando a renda do agricultor".
Numa rápida volta pelo Armazém do Campo, localizado no bairro da Barra Funda, você encontra desde os produtos da marca parceira Mãe Terra a arroz, feijão e cachaça orgânicos, produtos da reforma agrária — estes últimos têm um selinho do MST pra você saber diferenciar dos demais. Há também hortifrúti reposto três vezes por semana e mais vidros com conservas, além de uns regalitos culturais como livros e cadernos — e um café orgânico muito bom.
Tudo isso sem você se sentir assaltado por ir checar os preços da seção dos orgânicos. Delwek Matheus, aliás, foi categórico em dizer que é mito essa história que produzir orgânicos é mais caro. Rodrigo Teles, filho de assentados do Paraná e coordenador do espaço, explica como a matemática do preço é possível: "Nós vendemos os produtos aqui a preço justo fazendo com que o agricultor, na ponta da cadeia produtiva, seja bem remunerado já que não trabalhamos com a figura do intermediário".
O Armazém, além de dar aquela força para o produtor, também funciona como revendedor dos produtos dos assentamentos — Teles diz que eles fazem preços diferenciados para compras maiores, tipo atacado. Há também entrega de compras na sua casa e pacotes mensais com cestas de produtos da reforma agrária.No sábado, dia 1º de agosto, quando o Armazém do Campo foi aberto ao público, era possível ter uma mostra de como a venda de produtos orgânicos sem atravessadores já começava a dar certo. Às 10h15 da manhã, passados quinze minutos da inauguração, já era difícil circular pelo espaço lotado de gente — e olha que na mesma rua do Armazém há feira aos sábados além de um hortifrúti há poucos metros dali. Para checar a informação, fiz a lição de casa e comparei os preços dos orgânicos do Armazém do Campo com seus equivalentes vendidos no supermercado Pão de Açúcar e numa rede paulista de orgânicos chamada Quitanda Orgânica. Foram escolhidos 15 itens bastante populares, entre eles feijão, ovos, suco, açúcar, salgadinho (ninguém é de ferro), legumes, alface, banana e frango.

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