O
premiado neurocientista brasileiro, Miguel Nicolelis, professor de
Neurobiologia, codiretor do Centro de Neuroengenharia da Universidade Duke, na
Carolina do Norte (EUA), divulgou na última quinta-feira (11) os resultados de
seus experimentos na revista científica Scientific Reports. Ele concedeu
entrevista exclusiva à ANPG e falou sobre o feito inédito em pesquisas
realizadas no Brasil. “É um marco não só para a ciência brasileira como para a
ciência mundial”.
Por
Ana Bueno
O
projeto Andar de Novo é um marco na ciência nacional O projeto Andar de Novo é
um marco na ciência nacional
“O
Andar de Novo é mais uma prova de que a Ciência é voltada para a melhoria da
humanidade, essa é a Ciência que realmente vale a pena. Esse Projeto é uma
prova de que a Ciência brasileira tem condições de competir em qualquer lugar,
que somos pesquisadores de alto nível, em comparação com qualquer outro em
escala mundial – é só uma questão de investir nos cientistas brasileiros e na
produção científica do Brasil, porque o talento humano é abundante aqui. Então,
o que nós precisamos realmente é confiar no nosso taco”, diz o cientista.
Nicolelis
falou sobre o Projeto Andar de Novo e do início dessas pesquisas e do desenvolvimento
do exoesqueleto apresentado ao público na abertura da Copa do Brasil em 2014. O
exoesqueleto robótico foi desenvolvido para dar movimentos a pessoas
paraplégicas e é controlado somente por força da mente, em testes com oito
pacientes (com paralisia total das pernas há anos) recuperaram parte de seus
movimentos e sensibilidade nas pernas. Ele destaca que “O projeto foi iniciado
em 2013 e a primeira versão do exoesqueleto ficou pronta em março de 2014,
agora estamos já no segundo protótipo”.
Sobre
a inédita publicação na revista britânica Nature, uma das mais importantes
revistas cientificas do mundo, Nicolelis ressaltou que “É um marco, porque
mostra que todo esse esforço em desenvolver essas pesquisas nesses últimos
vinte anos resultou numa melhora neurológica, o que não era nem parte da
expectativa original. Isso faz uma diferença brutal, pois há uma possibilidade
de que essa tecnologia vire uma terapia para os pacientes. A melhora
neurológica foi o maior destaque! Esses avanços começaram um mês depois da
apresentação na Copa do Brasil e é um processo que continua evoluindo”.
A
Ciência como agente de transformação social
Em
2003 Miguel Nicolelis foi idealizador de um audacioso projeto que instalou, ao
lado de outros cientistas internacionais, no Rio Grande do Norte um instituto
internacional de pesquisas neurocientíficas de referência. Assim, o Instituto Campus do Cérebro foi o
primeiro laboratório brasileiro que tinha a ciência de ponta como um agente de
transformação social, contribuindo com o desenvolvimento social e econômico de
toda uma comunidade sem muitas oportunidades, na cidade de Macaíba, região
metropolitana de Natal. Mais tarde, formaram o reconhecido programa Educação
para Toda a Vida que apoia desde o pré-natal das mães de seus futuros alunos
até o ensino médio. Atualmente Nicolelis é o diretor do Instituto Internacional
de Neurociências Edmond e Lily Safra em Natal (RN).
Segundo
Nicolelis o projeto implementado no Rio Grande do Norte foi a base do Projeto
Andar de Novo, no qual visava a Ciência como agente de transformação social. E
como destacou Nicolelis: “O Andar de Novo é mais uma prova de que a Ciência é
voltada para a melhoria da humanidade, essa é a Ciência que realmente vale a
pena. Esse Projeto é uma prova de que a Ciência brasileira tem condições de
competir em qualquer lugar, que somos pesquisadores de alto nível, em
comparação com qualquer outro em escala mundial – é só uma questão de investir
nos cientistas brasileiros e na produção científica do Brasil, porque o talento
humano é abundante aqui. Então, o que nós precisamos realmente é confiar no
nosso taco”.
Fonte:
ANPG
Nenhum comentário:
Postar um comentário