No dia 4 de abril de 1968,
Martin Luther King, reverendo afro-americano, pacifista e ativista da luta
pelos direitios humanos, foi assassinado por James Earl Ray, em Memphis,
(Tennessee-EUA). Por António José André.
Sua luta pelos direitos civis e a sua
participação em manifestações pacíficas despertou a consciência do país para
uma participação na instauração de uma sociedade mais justa. A sua ação
valeu-lhe o Prémio Nobel da Paz, em 1964.
Nos últimos anos de vida,
Luther King esteve sob escuta telefónica, por parte do FBI, e também foi
controlado pelos serviços secretos militares por participar em manifestações
contra a Guerra do Vietname, em 1967. Além disso, ao defender reformas
económicas radicais, em 1968, inclusivamente um subsídio anual mínimo para
todos, Luther King criou inimigos em Washington.
No dia 4 de abril de 1968,
Luther King estava em Memphis para apoiar a greve dos trabalhadores dos
serviços sanitários e ia jantar, quando uma bala o atingiu no queixo e furou a
espinal medulal. Foi declarado morto ao chegar ao hospital local. Tinha 39
anos.
Nos meses anteriores, Luther
King estava cada vez mais preocupado com a desigualdade económica nos EUA e
organizou a Campanha do Povo Pobre. Em março de 1968, foi a Memphis apoiar a
greve dos trabalhadores dos serviços sanitários, maioritariamente
afro-americanos.
No dia 28 de março, uma
marcha de protesto dos trabalhadores, liderada por Luther King, terminou em
violência, com a morte de um adolescente afro-americano. King deixou a cidade,
mas prometeu voltar em princípios de abril para encabeçar outra manifestação.
No dia 3 de abril, regressou
a Memphis. pronunciando o que seria o seu derradeiro sermão: "Tivemos
algumas dificuldades, há dias atrás. Porém nada importa para mim agora, porque
estive no alto da montanha... E Ele permitiu que eu subisse a montanha. Olhei
ao redor e avistei a Terra Prometida. Não irei até lá convosco, mas quero que
esta noite saibam que nós, como povo. Chegaremos à terra prometida."
No dia seguinte, King foi
assassinado por um franco-atirador. Assim que a notícia se espalhou, a
população saiu às ruas em várias cidades do país. A Guarda Nacional foi
deslocada para Memphis e Washington.
No dia 9 de abril, King foi
enterrado na sua cidade natal: Atlanta (Geórgia-EUA). Dezenas de milhares de
pessoas alinharam-se nas ruas para ver passar o caixão colocado sobre uma
simples carroça rural, para prestar-lhe o último tributo.
Na noite do homicídio, uma
espingarda de caça foi encontrada numa pensão a um quarteirão do Lorraine
Motel. Nos meses seguintes de investigação, a arma e os relatos de testemunhas
oculares apontavam para um único suspeito: James Earl Ray.
Criminoso comum, Ray tinha
fugido duma prisão no Missouri, em abril de 1967, onde cumpria uma sentença por
assalto. Em maio de 1968, começou uma intensa caça a Ray. Finalmente, o FBI
constatou que ele tinha obtido um passaporte falso.
No dia 8 de junho, a
Scotland Yard prendeu Ray no aeroporto de Londres. Tentava voar para a Bélgica
com o objetivo de chegar à Rodésia. Na altura, a Rodésia tinha um governo de
minoria branca, opressor e internacionalmente condenado.
Extraditado para os EUA,
declarou-se culpado perante um juiz de Memphis, em março de 1969, para evitar a
cadeira elétrica. Foi sentenciado a 99 anos de prisão. Três dias depois, tentou
retirar a sua declaração de culpa, afirmando-se inocente.
Alegou ter caído numa
conspiração, afirmando que, em 1967, um sujeito misterioso chamado
"Raoul" o recrutou para trabalhar numa empresa de tráfico de armas.
No dia do assassinato, deu conta que seria o bode expiatório da morte de King,
resolvendo fugir.
Ao longo dos anos, o crime
foi diversas vezes reexaminado, mas chegou-se sempre à mesma conclusão: James
Earl Ray matou Martin Luther King. Um comité nomeado pelo Congresso reconheceu
que podia ter havido uma conspiração, mas não havia provas para sustentar essa
tese. Ray tinha uma razão para assassinar King: o seu ódio racial.
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