quinta-feira, 22 de maio de 2014

Alcateia do Capital

Por Professor Thiago Costa





O indivíduo cria um feudo dentro de si, constrói sua fortaleza, busca se impor em um mundo de lobos. Esse ser que se pensa como indestrutível, com todo o seu aparato de falsas emoções e sentimentos que cria em torno de si, frustra-se no primeiro momento em que se percebe como escravo da própria alienação, que cultivou por estimulo externo e perverso da sociedade capitalista em que vivemos.


E essas ilusões que servem como base para construção dos super-humanos são, utilizando-se de expressão bem popular, foda! Isso por que fodem o indivíduo, engravidando-o por dentro, fecundando sua personalidade com o germe da ilusão.


Iludem-se, as feras, ao crerem que têm livre escolha, que podem ter o que quiserem, consumirem o que desejarem. “Tudo está ao alcance de suas mãos, basta que se tenha objetivo, dedicação, espírito competitivo e uma vida focada em muito trabalho”. Será?


O outro pode até ser meu irmão, meu colega, meu amigo do peito, desde que não me atrapalhe. Assim, busca-se um lugar ao sol, aonde se possa ter de tudo e um pouco além daquilo que passa na televisão e do que se apresenta por trás das vitrines. 


Têm-se, assim, a embriaguez desse ser fantástico, que o impede de perceber a teia em que se encontra cativo, enclausurado.


A vida passa, os filhos crescem, criam pelos, entram no mundo das drogas ou no mínimo se tornam adultos frustrados. E quando menos se espera: o que aconteceu? O que eu fiz de errado? Só acontece comigo! É culpa do sistema!


O ar mais poluído, as florestas desaparecendo, a criminalidade exacerbando-se, as pessoas se marginalizando e negando umas as outras. O planeta e a sociedade se esfacelando pelo bem da fome insaciável do capital. 


Coletividade vira sinônimo de blasfêmia, heresia, crime de estado a ser tratado como hediondo, produto de psicopatas que comem os fígados das criancinhas. Enquanto isso, os Eus feudais se perdendo, anacronicamente, nas ilusões de suas Las Vegas particulares. 


E assim segue a vida. Olhos vendados, cada um no seu quadrado e o Eu no centro. Tudo a mercê do mercado!

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