Por Tico Santa Cruz
O sistema de ensino no Brasil está muito aquém do que os jovens
merecem. Ainda assim, como observamos recentemente, os secundaristas
deram uma verdadeira aula de cidadania e política. Quer algo mais
perigoso para uma casta de políticos, empresários e todo tipo de
explorador do que uma escola que coloque alunos para pensar, questionar e
agir politicamente?
Sociologia, filosofia, história, geografia, educação sexual e música
são matérias que estimulam o conhecimento sobre a humanidade, sobre a
formação e as transformações da sociedade. Essas disciplinas abrem
espaço para a reflexão sobre o respeito ao indivíduo e suas orientações,
além de ajudar as pessoas a desenvolverem o senso crítico.
Esse projeto “escola sem partido” quer criar fábricas de zumbis, que
estejam dispostos apenas a repetir paradigmas e a crer que a vida se
resume em nascer, crescer, ser explorado, se reproduzir e morrer
trabalhando como mão de obra barata.
O papo de neutralidade é para boi dormir. A escola é um espaço
político e lá deve prevalecer a democracia. Isso inclui a possibilidade
do aluno ter acesso a todo tipo de conhecimento que lhe ofereça
condições de fazer suas escolhas políticas.
Acho mais importante debater sobre as "igrejas sem partido".
Milhares de fiéis depositam sua fé na palavra de pastores que usam o
nome de Deus para ter vantagens na política. Usam a influência que
possuem para criar grandes bancadas no Congresso Nacional, colocando em
risco a laicidade do Estado. O que é mais perigoso para o sistema, podre
e retrógrado?