quarta-feira, 22 de agosto de 2012

O ATUAL CENÁRIO POLÍTICO EDUCACIONAL E O PAPEL DOS PROFESSORES DA REDE PÚBLICA DE ENSINO DE CAICÓ






No ano 2009, após solicitação feita pela câmara de vereadores de Caicó, a Prefeitura dessa cidade enviou a prestação de contas dos gastos realisados com o carnaval. Na época, o documento dava conta de gastos que chegavam a 411, 036,00 R$, cujas informações em detalhes são as seguintes:


DESPESAS DA PREFEITURA DE CAICÓ COM O CARNAVAL DE 2009
ITENS
DESPESAS
Bandas
R$ 200.000,00
Artistas locais
R$ 15.000,00
Locução
R$   3.504,00
Fogos
R$   3.000,00
Alimentação
R$   3.967,00
Som de grande porte
R$   37.800,00
Iluminação
R$   5.600,00
Gerador
R$   7.700,00
Palco
R$   59.500,00
Ala Ursa Poço de Santana (Magão)
R$   47.500,00
Bloco Treme-Treme
R$   25.000,00
Supervisão de Livre Comercio na Ilha
R$      2.465,00
FONTE: http://www.sneri.blog.br/?p=4759        

Já com o pagamento dos professores do município, o governo Bibi Costa gasta a quantia de 940.188,057 (novicentos e quarenta mil, cento e oitenta e oito reais e cinquenta e sete centavos). Isso significa que em apenas oito dias, a prefeitura de Caicó gastou, em 2009, o equivalente a quase metade da folha de pagamento atual dos professores do município.

Vale ressaltar que durante a festa de Santana também temos a montagem de estruturas milionárias e bandas de renome regionais: Sirano e Sirino, Cavaleiros do Forró, Cavalo de Pau, Rita de Cássia entre outras. É a milenar política do pão e circo que ainda é implementada e, o que é pior, agrada a muitos viventes dessa cidade.

Na ótica da gestão municipal, a valorização de nossa categoria é menos importante do que a realização desses eventos festivos, de carnavais e Festas de Santana realizadas principalmente para beneficiar os empresários de Caicó, muitos dos quais bancam determinadas campanha eleitorais desse lugar que permanece politicamente atrasado.

Isso mesmo, vivemos numa cidade politicamente arcaica, aonde nesse exato momento os eleitores e políticos negociam votos e favores. Não é por caso que temos boa parte da folha de pagamento comprometida com contratos. Por que será que determinados empresários ganham frequentemente as licitações para realização de eventos festivos ou para venda de materiais de construção? Por que será que duas Creches da Zona Norte de Caicó funcionam em imóveis privados quando a prefeitura dispõe de dois prédios públicos (um na Boa passagem e Outro no Salviano Santos) que estão servindo de abrigo para ratos e baratas?

Enquanto tudo isso acontece, os filhos desses patrões estudam em escolas e faculdades privadas, enquanto os filhos dos trabalhadores estudam em escolas públicas, muitas das quais desestruturadas, com reboco caindo, pinturas pedagogicamente inadequadas e sem as mínimas condições de acessibilidade aos portadores de necessidades especiais.

Some-se a tudo isso o desrespeito a uma lei nacional, a lei do piso salarial, cujo reajuste é estabelecido anualmente pelo Ministério da Educação (MEC) e que até esse momento não foi implementada pela atual gestão do município.

Um professor da rede pública de ensino em Caicó, em inicio de Carreira, com nível magistério, ganha 890,00 R$. Com o reajuste de 22,22% estabelecido pelo MEC, desde janeiro de 2012, o mesmo professor, em inicio de carreira deveria está ganhando 1.088,00.

Enquanto assistimos a esse desrespeito escancarado e descarado a lei do piso salarial, a cesta básica vem aumentada de 394,073 R$ em Maio para 402,054 R$ em Julho, registrando o maior aumento desde o início do Plano Real segundo informações do site G1.

Vivemos, portanto, numa cidade onde impera a milenar prática da política do pão e circo e de centenárias práticas coronelistas, em que a maquina pública vem sendo apropriada pelos gestores desse lugar de diversas formas como, por exemplo, utilizando-a como moeda eleitoral.

Diante disso, os professores, como formadores de opinião, tem agora a tarefa de fazer uma importante escolha: ser omisso e cúmplice desse atraso político e de sua própria desvalorização profissional ou assumir a responsabilidade da mudança, a começar pela luta pelo cumprimento de seus próprios direitos.

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