quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

VALE A PENA LER ESTE ARTIGO!

CARNAVAL EM CAICÓ: NEM TÃO GRANDE ASSIM!

Professor Antônio Neves

"Se a gente com o trio não pula
A culpa é de quem manipula
E não pula o carnaval!"

O carnaval de Caicó, entra ano e sai ano e segue sofrendo do mal de sempre – falta de originalidade -. Ao contrário da imagem de grandiosidade que os meios de comunicação local tentam vender para alavancar o padrão carnavalesco da cidade, olhando bem, por trás da fantasia em destaque veremos que o nosso carnaval não é tão grande assim... É muita caneca pra pouca cerveja!

Diante de tantos argumentos premeditados que ouvimos pelas rádios, com radialistas difundindo uma imagem inexistente do carnaval caicoense, quem ainda não conhece tal festa, e ainda tá se guiando apenas pela propaganda midiática, ao chegar aqui vai se deparar com aquilo que o carnaval realmente é: a ilusão revelada numa infraestrutura capenga na cidade para se realizar um carnaval que, pela forma como é idealizado, tem gosto duvidoso... Só depois de tomar alguns goles e se procurar banheiros públicos para se fazer xixi, é que cai a ficha do folião... A grandeza do carnaval de Caicó é menor que a propaganda! Sobra lantejoula e faltam investimentos, compromisso administrativo com a realização das festas populares e, clareza do que é, e significa tradição carnavalesca de verdade. O resto sai na ressaca da quarta-feira de cinzas!

O carnaval de Caicó, nem de longe, é o terceiro maior do Nordeste, como insistem em fazer crer alguns deslumbrados. Quem tendenciosamente tenta passar esta afirmação como regra, na intenção de promover a festa momesca local, certamente ignora os históricos e tradicionais carnavais de Olinda e Recife-PE, Salvador e Feira-de-Santana-BA, ou até mesmo o de Macau-RN que cresce a cada ano. Desconheço os critérios usados por estes que insistem na fórmula apelativa do: vem pra cá a qualquer custo; pois, planejamento, organização e qualidade o carnaval de Caicó não tem, e estes são os principais critérios que compõem a grandeza de um evento de massa.

Se o critério usado para o marketing do carnaval caicoense for pela quantidade de pessoas que aqui visitam e a densa participação popular que saem às ruas, seja atrás do que sobrou das troças ou do trio-elétrico, tudo bem; vale o conceito de um bom carnaval, (por ser interiorano, ainda é tranquilo) mas é só isso. Com exceção dos blocos populares de rua (Alaursa e Treme-Treme) o resto é pura maquiagem para confundir as tradições que, já nem existem mais, a começar pelo péssimo gosto musical que nada tem haver com festa carnavalesca. Basta ouvir as bandas (de forró) que foram contratadas (por valores pouco merecedores) para animar as noites na Ilha de Santana, para ver que teremos um Carnaforró improvisado onde a juventude, desaculturada e alcoolizada, vai rebolar ao som do -“ai se eu te pego, assim você me mata”-... Deus me defenda, prefiro o Bloco do Lixo!!

E para os que vão me acusar de está fazendo o discurso do contra, achando que com esta opinião estou contribuindo para uma visão negativa do carnaval em nossa cidade, (o que não é verdade, apenas defendo a tese de que poderia ser melhor), acrescento ainda que, muitas pessoas usando o argumento de que o carnaval está virando festa para turistas, aproveitam-se do momento e transformam a festa em uma das mais cara$ da região. Nesta época, tudo o quanto é serviço e produto de consumo aumenta vertiginosamente de preço, exploração total. 

Comerciantes, vendedores ambulantes, prestadores de serviços querem ganhar em 10 dias o que não ganham no ano todo, seja com o preço (inflacionado) de aluguéis de imóveis, festas em clubes, transportes (taxi e moto-taxi), bebidas, alimentos ou até mesmo o preço de um simples cachorro-quente ou de uma garrafinha de água mineral. O negócio é lucrar. O comércio local acusa o poder público de não investir no evento, mas ao mesmo tempo só pensa no lucro, não entra com um só centavo para ajudar a animar a festa.

Pois é, o carnaval tá ai, sendo grande ou pequeno tem alguns espertos (principalmente no poder municipal) que nos últimos 15 anos tem se dado muito bem com esse modelo de festa carnavalesca imposta à cidade, sem que ninguém modifique a sua maneira de ser realizada. Muito ou pouco, com ou sem planejamento prévio, tem dinheiro público gasto no evento, e o povo, mesmo achando que poderia ser melhor, participa. Este modelo medíocre aqui estabelecido de se promover a maior festa popular do mundo (carnaval) da forma como tem sido até então, deixa aberto uma fenda de questionamentos que nos relega (apesar do esforço dos canais de comunicação) a apenas uma festinha de carnaval do interior, e nunca o terceiro maior carnaval do Nordeste.

E quando silenciarem os clarins, cantaremos:
“(...) ai quarta-feira ingrata
Chega tão depressa,
Só pra contrariar..."

Nenhum comentário: