Por
professor Thiago Costa
No dia 1º de abril de 2014,
a CNTE e outras entidades signatárias que vem debatendo sobre o Plano Nacional
de Educação através do Fórum Nacional para essa área, lançaram nota pública
solicitando revisão de alguns pontos, e manutenção de outros, como garantia de
que o PNE não perdesse o seu propósito, que é de garantir o avanço na
construção de uma educação publica de qualidade para os brasileiros. Segundo a nota, mantendo os
pontos estabelecido no relatório do deputado Angelo Vanhoni (PT-PR), os usuários,
os sistemas de ensinos municipais e estaduais e os educadores de todo pais
teriam percas irreparáveis.
Um dos pontos alvos de
criticas pelos membros do Fórum é o parágrafo 4º do Art. 5º, do relatório do
Deputado. Vanhoni que, segundo a CNTE:
“Passa considerar na
contabilização da Meta 20 do PNE (10% do PIB para educação pública) programas
como Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego), ProUni
(Programa Universidade para Todos), Ciências Sem Fronteiras e FIES (Fundo de
Financiamento Estudantil), além de matrículas em creches e pré-escolas
conveniadas.
Assim, fica claro que, em se
mantendo essa redação, o referido paragrafo abre espaço para que recursos
públicos acabem parando em entidades privadas, o que nos leva a enveredar rumo
aos objetivos das elites neoliberais, da construção de um estado mínimo, onde a
educação deixa de ser responsabilidade do governo e passa refletir o interesse
daqueles que desejam a privatização desse setor.
Há ainda, um outro trecho do
relatório que estabelece politica de Bonus salarial em detrimento da carreira e
vinculação dos recursos destinados as escolas as notas obtidas em avaliações
como Ideb, Enem entre outros mecanismos de avaliação. No entanto, há um
entendimento entre uma enorme parcela dos educadores brasileiros e especialista
na área da educação de que não é criando uma competição selvagem, premiando
alguns profissionais e algumas escolas e penalizando outras, que iremos
resolver os problemas de nossos sistemas de ensinos.
Educação de qualidade se faz
com escolas modernas, com boas estruturas físicas, bem equipadas, com
professores bem pagos, com respeito ao piso nacional, com planos de carreiras
decente, com investimento na formação dos profissionais de educação, em fim,
aquela receita que todos já sabem de cor, mas, que muitos, por um motivo ou por
outro, não colocam em pratica.
Outro ponto observado na carta
aberta é que:
No âmbito da Educação Básica
e da questão federativa, ao não retomar a Estratégia 20.10 da Câmara dos
Deputados, que determina a complementação da União ao Custo Aluno-Qualidade
Inicial (CAQi) e ao Custo Aluno-Qualidade (CAQ), o relatório desobriga o
Governo Federal a participar de modo justo e decisivo na Educação Básica.
Ou seja, joga de vez a bola
para os estados e municípios, que terão que se virar para cumprir os Planos de
Carreira dos professores, o que na realidade é incompatível com a situação
financeira de muitas cidades brasileiras, cuja maioria são fortemente
dependente de recursos da união.
O terceiro ponto
reivindicado é a manutenção do trecho que estabelece a necessidade de se manter
politicas educacionais voltadas para o combate a discriminação de gênero,
racial, religiosa, de orientação sexual com vista a construção de uma sociedade
verdadeiramente democrática.
Após a publicação da Carta
Aberta, alguns avanços já foram obtidos em relação as recomendações daquele
documento.
Suprimiu-se do documento o
trecho que estabelece bonificações em detrimento de planos de carreira e
premiação de escolas com melhores desempenhos. Além disso, manteve-se o
trecho que versa sobre a necessária complementação da União e sua
responsabilidade em relação aos sistemas de ensino dos estados e município em
regime de colaboração.
Porém, dois pontos das reivindicações ainda continuam pendentes:
- A vinculação total de 10% do PIB para a educação pública, pois ainda prevalece a alteração feita no Senado que permite destinar recursos públicos para a iniciativa privada nos dois níveis de ensino (básico e superior);
- E a manutenção da proposta do relator para o tratamento específico às questões de gênero, de igualdade racial, de orientação sexual e contra todas as formas de discriminação, que tem sido contestada por movimentos religiosos de matizes fundamentalistas.
O próximo capitulo será a
votação pela Comissão Especial do PNE para que depois seja encaminhada para
apreciação no plenário. E assim, a passos de tartaruga, de 2010 até a presente
data, estende-se cada vez mais o desfecho desse importante projeto que será bússola da educação brasileiras nas próximas décadas.
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