Quase todos os terráqueos, respiraram aliviados quando viram alguns dos maiores momentos da história geopolítica entre o final do século XX e inicio desse século: a morte de Saddam Hussein, o final do governo George W. Bush e a eleição de Barrack Obama como o primeiro presidente negro dos EUA. Isso porque esses eventos (quase) emendados aparentemente resolviam algumas rusgas que ameaçavam a cordial convivência entre as nações.
Lembremo-nos que ao ser enforcado, Saddam Hussein não levava uma suposta conta a prestar com São Pedro na porta do paraíso – ou melhor, com Alá, na ante-sala de um harém. Levava junto a esperança de que a literal invasão americana ao Iraque também fosse encerrada.
Quando Bush se mandou do seu segundo mandato na Casa Branca, esperava-se que o próximo presidente americano resolvesse tirar as tropas do Tio Sam do Afeganistão e resolvesse também outras (cagadas) besteiras feitas por ele.
E essa tarefa “caiu no colo” do Obama – que chegou carregando não só esperanças dos seus compatriotas, mas do mundo todo. Quem não acompanhou e até torceu pelo Obama durante a campanha eleitoral?
Pois bem, um dos problemas crônicos da política externa dos EUA é a questão do Oriente Médio. Além da eterna batalha entre judeus e palestinos e do petróleo, ainda há a pedra no sapato dos yankees, mais conhecida como Irã. Essa pedra sim, já vem apertando no pé dos americanos a muito tempo.
E quando Obama, junto com seu “Yes, we can”, apresentou uma proposta de relações com os outros países com uma forma muito mais diplomática – diferente da agressividade do Bush – todos nós pensamos que “agora vai!”.
Só que não foi bem assim. No inicio do governo Obama, as relações entre Irã e EUA foram (relativamente) calmas. Porém, um velho mecanismo de intimidação, usado desde os tempos da Guerra Fria, e que geralmente estava em mãos das grandes potências reapareceu.
E o problema para os EUA e para todo o resto do mundo é que esse mecanismo está “do lado errado”. Agora, supostamente, o Irã teria a capacidade de construir uma bomba atômica. Mas como? Não é o Irã que vivia praticamente isolado pelos embargos econômicos ocidentais?
Pois é. O “mas como?” é o que intriga todo mundo. Seria realmente possível ao Irã construir um artefato nuclear? Não é tão difícil se pararmos para pensar, já que se precisa de “pouca coisa” para se fazer uma bomba atômica: tecnologia e urânio enriquecido.
Tanto a tecnologia quanto o urânio podem chegar a qualquer país por meio do mercado negro. O nível da tecnologia pode ser um impasse que atrasa o processo, mas se essa tecnologia for suficientemente manejada por pessoas capazes o processo pode ser seguido, mesmo que de forma mais lenta.
E assim, o mundo vive esse novo impasse: as “potências” ocidentais quebrando cabeça com os delírios atômicos do Irã. Por quê? Simplesmente, porque não se sabe o que o Ahmadinejad quer ou pode fazer com uma bomba atômica nas mãos.
Alguns dizem que esses anúncios de capacidade de enriquecer urânio, feitos pelo Irã são blefe. Só que os países ocidentais preferem não arriscar. Os riscos seriam por demais arriscados. Outros falam que a estratégia do Irã é pura publicidade e mostrar que Obama é apenas mais um americano querendo dominar o mundo – só que de forma diplomática. Só que existem os mais racionais, que vêem as peças do xadrez geopolítico mexer de forma mais lógicas de ambos os lados.
Supostamente, estaria o Irã, fortalecendo-se nuclearmente para enfrentar de Israel de forma igual. Isso atiçaria os EUA já que Israel é um forte aliado do Tio Sam no Oriente Médio. Sem contar que com uma arma atômica o Irã poderia não se submeteria as vontades dos americanos.
Já os EUA não querem perder o poder de “dono do mundo” – poder por sinal, bem enfraquecido recentemente com a crise financeira. Para isso tenta solapar (de novo) a economia iraniana com sanções econômicas, forçando assim o abandono do seu projeto nuclear.
Seja como for, o que se espera é que ninguém resolva sair das “ameaças diplomáticas”. Vamos torcer que o Ahmadinejad fique “rasgando e jogando no lixo” as sanções do Ocidente e que os ocidentais consigam isolar os devaneios radioativos do Irã.
Não é possível que nós Nordestinos, que clamamos tanto pelo inverno, recebamos de presente do Obama e do Ahmadinejad um “inverno nuclear”...