Por Professor Thiago Costa.
Não há dúvida alguma em
relação ao mérito, a justeza, da greve dos caminhoneiros. É obvio que é uma
afronta a esses trabalhadores, a precarização de suas condições de trabalho e
de vida, com as constantes altas no preço do diesel, somada aos pedágios e a
carga tributária que onera os seus encargos e o custo de vida desses
brasileiros.
No entanto, o que não há
como apóia, dentro de um movimento de trabalhadores, é a defesa de intervenção
militar. Como eu estou nas rodovias, exercendo o meu direito de reivindicar, de
protestar contra a atual política de reajuste de preço dos combustíveis, e ao
mesmo tempo defendo a volta de um regime que repreenda esse direito, que me
impeça de reagir quando o governo assaltar o meu bolso?
Não podemos esquecer,
jamais, das torturas, dos desaparecidos, das mortes, da crueldade de um regime
que punia qualquer sujeito que ousasse abrir a boca ou tentar usar de sua
cidadania, uma vez que cidadania era crime. Precisamos, sim, levantar a defesa
do re-estabelecimento do estado de direito e fortalecimento da democracia
brasileira.
É preciso termos em mente
que essa atual política de reajuste de Temer e de seu pupilo, Pedro Parentes,
que está no comando da NOSSA PETROBRÁS, que por hora se encontra usurpada pelos
golpistas, não afeta apenas os caminhoneiros, mas, toda a população brasileira
tem sendo igualmente atingida na mesma proporção.
Não é fácil para um
trabalhador, que precisa todos os dias se locomover para seus locais de
trabalho, pagar cerca de R$ 4,40 à R$ 5,00 de gasolina. Não está sendo fácil,
para as famílias brasileiras, voltarem a cozinhar com lenha ou carvão por não
conseguir pagar R$ 80,00 de gás de cozinha.
O que estamos vivendo, com a
alta de combustíveis, é fruto do entreguismo de um governo tirano e golpista,
que tem desde o seu início leiloado a preço de banana a nossa Petrobrás,
entregando-a as multinacionais como a Esso, a Chevron, a Shell, além de abrir
mão da nossa capacidade de refino e de produção de derivados d e petróleo.
Vejam que absurdo, no Brasil
Colônia, a mais de 400 anos atrás, Portugal vendia o açúcar grosseiro do Brasil
para a Holanda, que refinava e revendia esse açúcar mais caro para outros países
europeus, inclusive para Portugal e suas colônias, entre elas, o Brasil. E o
que o governo golpista está fazendo hoje? Exportando a nossa matéria prima e
importando-a de volta em forma de combustível. Voltamos 400 anos no tempo!
O que é preciso construir,
desde ontem, é uma grande agenda de lutas nacional, com todos os trabalhadores
e trabalhadoras, da indústria, do comercio, dos serviços públicos, do campo e
da cidade, unidas em torno de bandeiras amplas: como redução do preço de todos
os combustíveis (diesel, gasolina, álcool, gás), redução do preço do gás de
cozinha, defesa do piso nacional do magistério, da educação pública, contra a
reforma da previdência, contra a terceirização ampla (já aprovada no
congresso), em defesa do SUS, em defesa de uma reforma tributária justa (fonte
de equidade e desenvolvimento social)) e, principalmente, em defesa da
DEMOCRACIA!
Portanto, já passou da hora
dos brasileiros construírem um grande projeto nacional, que atenda aos anseios
de todos aqueles e aquelas que são os verdadeiros produtores das riquezas do
nosso país, na qual o desenvolvimento econômico esteja atrelado ao
desenvolvimento social.
Menos repressão, mais
direito, mais democracia! Essas devem ser a bandeiras de luta da nossa classe
trabalhadora.