Sobre o aumento da
criminalidade e de seu processo de doutrinação
Por
Professor Thiago Costa
Boa noite, venho através
desse espaço me dirigir a todos os adolescentes e jovens da nossa querida cidade,
Caicó, convidando-os a refletir sobre alguns fatos que acredito ser de
interesses de todos e que se relacionam com a expansão do tráfico, do consumo
de drogas e o que é pior, o aumento da apologia ao crime.
Tenho notado que está
existindo uma espécie de “pedagogia” do crime em nossa cidade, algo como uma
doutrinação. Minha impressão é que aqueles que têm buscado ampliar o crime e o
mercado de drogas na nossa cidade não têm agido de forma desinteligente, pelo
menos é a impressão que tenho quando observo a forma como buscam aliciar os
menores de idade e a nossa juventude.
Primeiro o aliciamento se
dar fora das escolas; posteriormente, eles parecem recrutar um grupo de seguidores
pré-adolescentes, adolescentes e jovens os quais rodam as escolas, fazem
amizades com outros, criam vínculos, compartilham fotos e musicas pelos
celulares e pelas redes sociais na Web que reforçam a apologia ao crime; criam
linguagens corporais compostas de gestos, estilos de vestimentas e símbolos como
uso de crucifixos com cores variadas.
Desse jeito parece que tem
se forjado, aparentemente de modo intencional,
uma cultura particular de apologia na qual num primeiro momento esses
jovens e menores de idade tomam como moda, brincadeira, mas, que em muitos
casos têm sido a porta de entrada para as drogas e a criminalidade, quando se
passa a ser recrutado para serem os próximos “aviõezinhos”, divulgadores e “ heróis”
da comunidade.
Quando falo em heroísmo,
falo em uma postura que me parece fazer parte dessa suposta metodologia de
doutrinação, aonde o “boy” (na linguagem do grupo) é, além de um amigo, uma
espécie de herói urbano disposto a defender a todos da comunidade da ameaça de
seus rivais.
Ou seja, parece que há uma inteligência
por traz de tudo isso atuando justamente no foco, aonde não tem chegado o
estado, a sociedade e a família. É no vácuo afetivo, na ausência de politicas
mais eficientes de inclusão social, de acolhimento, de oportunidade. É na ausência
de vinculo afetivo deixado pelas famílias, pelos lideres comunitários, por uma
parcela de educadores que tem dificuldade em entender a cabeça da juventude e
de se aproximar (dentre os quais eu me incluo) que esses “pedagogos” do crime
têm atuado. Precisamos rever os nossos conceitos e nossa maneira de lidar com
essa nova geração.
Porém, mesmo reconhecendo a
divida do estado, da sociedade, da família e a minha também quero pedir, diante
dos fatos que temos vivenciado, que os adolescentes e os jovens estejam alertas,
que sejam mais reflexivos.
Músicas que fazem apologia a
criminalidade, ao uso de drogas, não é lega! O falso amigo que se aproxima de
ti, que busca te passar valores como esses, que te oferece drogas e que cuja
pura e simples companhia já lhe coloca em posição de risco não é um herói.
Esses heróis são, na
verdade, vítimas, negligenciadas e marginalizadas por um tipo de sistema
social, politico e econômico, que tem como principio de existência a exclusão e
o caráter predatório, onde o homem passa a ser o lobo do próprio homem, a
saber, o capitalismo. Esses supostos “heróis” são, na realidade, vitimas que
foram recrutadas e que passam a fazer parte de um rol de seres humanos que
precisam de ajuda, e não que tem ajuda a oferecer.
Por último, quero deixar
claro que essas palavras não saíram da mente de um profundo conhecedor do tema,
mas, sim, apenas de um cidadão que tem observado e se preocupado com a expansão
dessa doutrina do crime em nossa cidade. Espero que aqueles que lerem esse
texto também opinem, que a gente possa trocar mais informações, entender melhor
esse fenômeno indesejado e buscar algumas soluções, sendo elas pacificas e dentro
do âmbito legal.
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