sábado, 24 de março de 2012

A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA


 O Brasil desponta, atualmente, como uma das principais economias do mundo, tendo vivenciado significativos avanços nas áreas industriais, científicas e tecnológicas. No entanto, apesar dos números oficiais apresentarem um PIB e uma renda per capita satisfatórios sabemos que nem tudo, no nosso país, tem sido digno de comemorações. A realidade brasileira ainda possui aspectos sombrios, convivemos com altos índices de analfabetismo, pobreza e violência. A criminalidade, com destaque para o tráfico de drogas, tem estado presente bem próximo de nossas casas.

Diante dessa caracterização da atual sociedade brasileira cabe questionar sobre qual papel a escola precisa cumprir em meio a esse cenário tão perverso e contraditório, no qual em uma mesma sala de aula encontramos alunos provenientes de diversas realidades. Ou seja, que tipo de sociedade almejamos construir e de que maneira a escola pode intervir de modo a dar concretude a esse projeto?

Temos percebido que a escola tem enfrentado a acirrada concorrência com as drogas, com a criminalidade, com as casas de jogos eletrônico e com a prostituição. Desse modo, torna-se desafio para cada professor, coordenador pedagógico, gestor, pais e alunos empreender esforços no sentido de recuperar a função social da escola que é “Despertar o gosto pelo saber, pela intelectualidade e proporcionar um ambiente escolar agradável, onde o educando possa se desenvolver enquanto pessoa” (COSTA, 2011, p. 3).

A escola precisa, portanto, torna-se um lugar prazeroso, que favoreça o pleno desenvolvimento de  habilidades físicas, do potencial cognitivo e afetivo  dos alunos, favorecendo a formação de cidadãos reflexivos e participativos. Nesse sentido, é interessante ressaltar a afirmação de Libâneo:

Devemos inferir, portanto, que a educação de qualidade é aquela mediante a qual a escola promove, para todos, o domínio de conhecimentos e o desenvolvimento de capacidades cognitivas e afetivas indispensável no atendimento de necessidades individuais e sociais dos alunos. (LIBÂNEO, 2005, p.117)

É preciso que esse ambiente prazeroso, no qual deve se tornar as instituições escolares, propicie um tipo de ensino que leve o aluno a entender a importância da aquisição de conhecimentos e habilidades não só como garantia de acesso ao mercado de trabalho, mas, sobre tudo, como uma instrumentalização necessária a sua inserção no mundo, aprimoramento intelectual e cultural. O aluno precisa ser conduzido a entender a relevância do aprendizado escolar para tornar-se um sujeito ativo, capaz de intervir no mundo de modo a torná-lo melhor para si e seus semelhantes.

Para que a função social da escola, almejada através dessa proposta, torne-se realidade, faz-se necessário a soma de esforços de todos os que compõem a comunidade escolar. Essa necessidade é justificável pelo fato de que para desempenharmos uma educação que responda as demandas da sociedade é preciso incluir pais, alunos, professores, gestores e coordenadores nos debates que emanam dos novos desafios que nos são apresentados pela contemporaneidade.

No entanto, vale ressaltar que para que a gestão democrática aconteça na prática não basta criar conselhos escolares, convocar reuniões ordinária e extra-ordinária. Para que a escola funcione democraticamente os conselhos escolares, associações de pais e alunos, grêmios estudantis possam ter efetivos poderes de fiscalização, assessoramento e deliberação é importante que tais órgão não funcionem apenas com a função de homologar as decisões da diretoria, pois, caso contrário, não trata-se de gestão democrática. Nesse sentido

É fundamental  democratizar o debate, de tal forma que todos nas escolas públicas possam ser sujeito dele. A gestão democrática somente será um modelo hegemônico de administração da educação quando, no cotidiano da escola, dirigentes e dirigidos participarem desse debate, tanto nas reuniões administrativas e pedagógicas quanto nas aulas (BASTOS, 2001, p.14).

A democratização do debate, a socialização de propostas para uma gestão democrática entre todos que compõem a comunidade escolar deve ser o caminho primordial para incuti-la no cotidiano escolar.

Portanto, entendemos como função social da escola a tarefa de torná-la um espaço prazeroso, agradável a todos que por ela transitem, eficiente em contribuir para que os alunos, sujeitos em pleno desenvolvimento, possam aflorar suas potencialidades. Outro sim, para que possa atender aos anseios do mundo contemporâneo, faz-se necessário fortalecer os espaços democráticos no interior das escolas, tornando todos os membros da comunidade escolar aliados na difícil tarefa de realizar uma educação de qualidade.

REFERÊNCIAS

LIBÂNEO, J. C.; OLIVEIRA J. F.; TOSCHI M. S; Educação escolar: políticas estruturas e organização. 2º Ed. São Paulo: Cortez, 2005. (Coleção Docência em formação)
COSTA, Vera Lucia Pereira da. A função Social da escola. [online] Disponível em internet via WWW. URL: http: www.drearaguaia.com.br/projetos/funçãosocialescola.pdf. Ultima atualização em 13 de Março 2012.
BASTOS, João Baptista. Gestão Democrática da educação: As Práticas Administrativas Compartilhadas. In: BASTOS, João Baptista (org) Gestão democrática . 2º ed. Rio de Janeiro: DP&A: SEPE, 2001.

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