Apesar de ter engajado apenas recentemente no universo do sindicalismo, haja vista o fato de também fazer pouco tempo que entrei no serviço público em caráter efetivo, exporei aqui um pouco da minha parca compreensão acerca das razões que, a meu ver, explicam a dificuldade do movimento sindical na cidade aonde resido e trabalho.
Primeiramente, entendo que essa política do toma lá da cá, do clientelismo escancarado que figura inclusive entre promessas eleitoreiras, que envolve desde empresários, proprietários de terras, políticos locais e nacionais até os simples cidadãos trabalhadores é sem dúvida uma realidade que mantém a nossa sociedade atrelada ao atraso.
Segundo, um sistema jurídico que apesar de afirmar o concurso como meio para alcançar o tão desejado emprego público abri margem para contratações de pessoas, empresas prestadoras de serviço e estagiários de programas como IEL que muitas vezes não passam nem por um processo seletivo.
Terceiro, uma sociedade pacata, inerte e portadora de uma cultura política de aceitação e endeusamento de figuras populistas de um modelo político arcaico.
Desse modo, pergunte um cidadão: amigo, por que não participou daquele ato público em pro de melhores salários, e de mais respeito a nossa profissão? Por que não aderiu aquele movimento contra a má gestão de um prefeito, governador ou presidente? O que lhe mantém passivo diante dos escândalos de corrupção daquele político?
Caso tais perguntas sejam feitas não é difícil adivinha os absurdos que ouviremos: não posso abri a boca, sou contratado; se fosse eu que tivesse lá fazia a mesma coisa; não serei contra ele por que toda eleição ele me dar algumas sacas de cimentos; ele é muito bonzinho, sempre ajuda os pobres quando precisa de remédio, de atendimento hospitalar.
As pessoas precisam entender que tudo o que o político oferece em troca do voto já lhes pertencem, ou seja, é do próprio povo.
Não devemos nada, se um prefeito faz uma boa gestão, paga em dia os funcionários e fornecedores, cuida da saúde de sua cidade, parabéns, tá cumprindo o seu papel, mas nada me obriga a votar nele, pois sou livre para pensar que outro cidadão poderia fazer melhor.
Por outro lado, se o camarada deixa as ruas esburacadas, não dar à devida atenção a coleta de lixo, não cumpre as leis ai é que a responsabilidade dos viventes de um município aumenta, pois cabe a eles exigirem respeito e lutarem pelos seus direitos.
Porém, sabemos que infelizmente esse não é o entendimento da maioria das pessoas de nossa cidade que continuam legitimando o poder das cores.
Temos assim, a fragmentação da sociedade em individualismo, cada qual querendo defender os seus interesses minúsculos e particularizados, inviabilizando, contudo, a possibilidade de conquistas maiores para os trabalhadores dos serviços públicos e para os seus usuários.
Um comentário:
Você realmente é um sindicalista?
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