Sabemos das mazelas se atrelam a nossa sociedade a um sistema político atrasado e que é legitimado por uma postura acrítica e conformista de muitos cidadãos que, em favor de benefícios próprios, ou mesmo por acomodação, atravanca o progresso de nossa cidade.
Uma vez que já temos consciência desses males cabe agora nos debruçarmos sobre os problemas, pensá-los e buscar alternativas de mudanças. É preciso que principalmente nós trabalhadores, e em especial os professores, retomemos o nosso papel histórico de agente de mudanças sociais.
Dirigentes de sindicatos, partido e outras organizações que reúnem trabalhadores precisam reconstruir e reforçar os seus canais de comunicações com o povo, esclarecendo-o, instigando-a participação na luta por uma sociedade melhor.
Aliás, retifico parte do que disse no parágrafo anterior. A hora não é mais a de esclarecer, mas, isso sim, apenas de refrescar a memória e de cutucar a “a fera”, no caso o povo, com vara curta mesmo. Pois o povo já sabe que é preciso incendiar a Bastilha, precisamos apenas dar-lhes alguns palitos de fósforos.
Assim, apesar de ouvirmos muitas criticas por parte de dirigentes sindicais, de partidos e de órgão reivindicatórios de nossa cidade percebemos que faltam ações mais contundentes no sentido de provocar a opinião publica e instigar o povo a participação.
É preciso ir onde está o povo, nas associações de bairros, nos seus locais de trabalho, em suas casas e levar a eles a esperança de que é possível mudarmos essa realidade e que merecemos outra Caicó, aonde as pessoas sejam valorizadas pelo que são, e não pelo fato de pertencer à família tal, por ter votado em fulano ou por ser amigo de deutrano.
Nós, professores, temos algo muito importante, decisivo e poderoso que é a palavra, a comunicação direta com futuros advogados, médicos, comerciantes, educadores, gestores, políticos e eleitores.
É decisivo o papel do professor haja vista que, mesmo estando no presente, está em contato direto com a porta para o futuro, que é a educação. Nesse sentido, é obrigação de um bom professor se questionar sobre seus conteúdos, métodos e objetivos educacionais. Enquanto professores e educadores precisamos nos questionar sobre que tipo de cidadãos estamos formando.
Não to querendo dizer que somos salvadores da pátria, mas que a nossa parte temos que fazer bem feita, independente ou não de termos bons salários e de a escola está sucateada. Não se trata de milagre, mas, se só temos o quadro e o giz, embora não consigamos atingir o ideal temos que pensá-lo como possível e fazer o máximo para atingi-lo.
Não conseguiremos vencer essa guerra se não começarmos a formar os nossos soldados. É preciso, enquanto professor, começar a instrumentalizar, a armar aqueles que amanhã poderão está ao nosso lado lutando por uma cidade melhor. Não se trata de regredirmos a um tipo de educação ideológica e alienante, e sim, dotar os indivíduos de capacidade para enxergar o mundo com os seus próprios olhos, lê-lo a luz de uma postura verdadeiramente critica e livre de interesses escusos.
Portanto, se quisermos realmente contribuir para que tenhamos uma cidade melhor, com novos projetos que contemplem a satisfação de todos os cidadãos de bem que vivem e trabalham (de verdade) nessa cidade, é preciso rever as nossas estratégias de resistência.
Não adianta blá, blá, blá em assembléias fechadas ou em passeatas minúsculas que reúnem apenas um ou dois seguimentos da sociedade. Precisamos retomar o debate com a sociedade, irmos a cada bairro, a cada comunidade rural e distrital de nossa Caicó. É preciso, desde já, nos preocuparmos com a formação de nossos futuros soldados. Acreditamos que com atitudes como as que mencionamos aqui seremos, de fato, levados a acender a fagulha que incendiará e destruirá esse Império do descaso.